Mostrando postagens com marcador espiritismo. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador espiritismo. Mostrar todas as postagens

sábado, 24 de março de 2012

FÉ INABALÁVEL: O MAIOR TESOURO














A história ocorreu em tempos distantes, num país igualmente distante, onde um rei ficou incomparavelmente famoso por ser detentor de um tesouro inigualável. Tanto se falou nessa preciosidade, que um estrangeiro foi até o palácio real pedir licença ao monarca para poder olhar de perto tamanha fortuna.

O visitante pediu licença ao rei para poder percorrer o palácio e contemplar de perto tamanha riqueza, até então desconhecida por qualquer ser humano.

O rei concordou com o pedido, mas impôs ao estrangeiro uma condição: para poder conhecer toda a sua fortuna, o forasteiro deveria atravessar o palácio carregando uma vela acesa sem deixar que ela se apagasse de forma alguma. Se a vela se apagasse, o forasteiro seria sumariamente degolado, sem direito a nenhuma apelação. Sedento para conhecer a riqueza do rei, o estrangeiro concordou de pronto e iniciou a peregrinação pelo palácio, preocupado em não deixar que a chama da vela que carregava nas mãos se apagasse.

No entanto, eram tantas as correntes de ar que circulavam no palácio, vindas dos vários cômodos, que o homem, preocupado em não deixar a vela se apagar, sequer conseguiu virar a cabeça para os lados para contemplar os possíveis tesouros que ali estivessem guardados, porque, se ele se descuidasse da chama da vela, ela poderia se apagar e ele pagaria com a própria vida.

Após terminar a visita pelo palácio, o rei perguntou ao estrangeiro qual a impressão que ele tivera de sua fortuna e o que o tornara o rei mais famoso do mundo.

O forasteiro, decepcionado, respondeu ao rei que nada pudera contemplar porque sua preocupação maior era com a chama da vela que deveria manter acesa para garantir a própria vida.

Então, o rei, sorrindo, bateu nos ombros do homem e lhe disse que nada havia para ser visto, pois em seu palácio não havia tesouro algum; seu verdadeiro tesouro estava em seu coração, era o tesouro de sua fé. Por isso, era ele o rei mais famoso do mundo, porque possuía o maior tesouro que um homem pode possuir: o tesouro da fé inabalável que lhe permitia suportar os vendavais do mundo com firmeza, equilíbrio e serenidade.

sábado, 14 de janeiro de 2012

A importância da Bíblia para a Doutrina Espírita





A Humanidade já foi contemplada com três revelações. A primeira, quando da vinda de Moisés. Nela, o monoteísmo tomou forma e Deus foi apresentado como o único Deus verdadeiro, em oposição ao politeísmo. Na segunda, quando do advento de Jesus Cristo, foi Deus apresentado como Pai de infinita misericórdia e amor, substituindo o Jeová dos Exércitos, temível e justiceiro. A terceira revelação surge com o advento do Espiritismo, cuja finalidade básica é restabelecer em princípios as primícias dos ensinamentos de Jesus Cristo.
A História conta que, no decorrer dos séculos que sucederam o advento de Cristo, houve numerosas tentativas no sentido de comprovar a realidade dos Espíritos e sua manifestação no plano material. É inegável que algumas chegaram a ser reveladas. Contudo, com maior amplitude, isso se tornou possível apenas no século 19, quando os homens estavam mais preparados para uma nova revelação. Um sopro de vida nova parecia agitar o planeta neste momento de efervescência intelectual, onde as ciências tomavam grande impulso, onde tudo era revelado à luz natural da razão. Surge assim a Doutrina Espírita, marcando a passagem das religiões formais para uma filosofia racionalista. Trata-se, portanto, não de uma negação do passado histórico, mas constitui antes uma síntese dialética de todo o processo da história do pensamento, colimando sempre uma busca de racionalização das concepções fideístas dogmáticas. Seu esforço, portanto, consiste em trazer a religião do domínio mítico para o plano cultural.
Pode-se afiançar que os primeiros precursores do Espiritismo foram os famosos médiuns Emmanuel Swendeborg e Andrew Jachson Davies. Muitos fenômenos marcaram o início da Doutrina Espírita, atraindo a atenção de numerosos sábios de renome mundial. Surgiu, então, no cenário do mundo a figura exponencial de Allan Kardec que buscou estudar e fundamentar cientificamente esses fenômenos, assim como organizar de forma sistemática e metódica os ensinamentos revelados pelos Espíritos.
Conseguiu assim lançar o arcabouço de uma nova doutrina, dando à publicidade O Livro dos Espíritos, em 1857, contendo os fundamentos filosóficos da Doutrina. Em seguida publicou O Livro dos Médiuns, em 1861, contendo a parte científica das relações do plano espiritual com o mundo material, e por último O Evangelho Segundo o Espiritismo, em 1864, contendo a parte religiosa e essencial da Doutrina. É assim que a Doutrina Espírita possui um aspecto tríplice. Ela consiste em uma Ciência —que tem por objeto os fenômenos; uma Filosofia— que tem por objeto as causas primárias do Universo, a natureza dos Espíritos e as Leis Morais; e em uma Religião —que tem por objeto resgatar a essência dos ensinamentos cristãos. Sob esse aspecto o Espiritismo diferencia-se das demais religiões, pelo fato de não possuir nenhuma formalidade ou culto exterior, mas a religiosidade deve dar-se na intimidade do próprio indivíduo, através da prece e da doação de si. O que interessa não é a exterioridade dos ritos e do culto convencional, por vezes precários, mas sim o pensamento e o sentimento do homem.
Há uma sequência histórica que não se pode esquecer ao tomar a Bíblia nas mãos. Quando o mundo se preparava para sair do caos das civilizações primitivas, surgiu Moisés, como o condutor de um povo destinado a traçar as linhas de um novo mundo e, de suas mãos surgiu a Bíblia. Não foi Moisés quem a escreveu, mas foi ele o motivo central dessa primeira codificação do novo ciclo de revelações: o cristão. Mais tarde, quando a influência bíblica já havia modelado um povo, e quando este povo já se dispersava por todo o mundo gentio espalhando a nova lei, apareceu Jesus e, de suas palavras, recolhidas pelos discípulos, surgiu o Evangelho.
A Bíblia é a codificação da primeira revelação, o código hebraico em que se fundiram os princípios sagrados e as grandes lendas religiosas dos povos antigos. É a grande síntese dos esforços da antiguidade em direção ao espírito. O Evangelho é a codificação da segunda revelação, a que brilha do centro da tríade dessas revelações, tendo na figura de Cristo o sol que lança sua luz sobre o passado e o futuro. Mas assim como na Bíblia (Antigo Testamento), já se anunciava o Evangelho, também neste aparecia a predição de um novo código, o do Espírito da Verdade: O Evangelho Segundo o Espiritismo. Sua finalidade é esclarecer os ensinos anteriores de acordo com a mentalidade moderna, já suficientemente arejada e evoluída para entender as alegorias e símbolos contidos na Bíblia e no Evangelho. Enganam-se os que pensam que a codificação do Espiritismo contraria ou reforma o Evangelho.
Em O Evangelho Segundo o Espiritismo são abordados textos desde os decálogos de Moisés e essencialmente os ensinamentos de Jesus em sua maioria até as cartas de Paulo, de forma didática e esclarecedora. São estudadas as Leis Morais tratando-se especificamente da aplicação dos princípios da moral evangélica, bem como das questões religiosas acerca da adoração, da prece e da prática da caridade. Nessa parte o leitor encontrará inclusive as primeiras formas de instruções dos Espíritos, com a transcrição de comunicações por extenso e assinadas, sobre questões evangélicas.
Assim sendo, o Espiritismo tem como base as escrituras, tem seus fundamentos na Bíblia. A essência de sua doutrina é o Evangelho, a religiosidade. Trata-se, portanto, de uma religião positiva, baseada nas leis naturais, destituída de aparatos misteriosos e de conotação mítica ou mística. Trata-se, ainda, de uma religião dinâmica, pois coloca a prática da caridade acima de qualquer virtude (I Cor 13:1). Sem dúvida, a prática da caridade guarda íntima relação com os princípios universais de Jesus Cristo, ao sintetizar o Decálogo neste mandamento maior: Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo (Mt 22:34). Ser cristão não é um rótulo, mas uma vivência (Mt 7:21), é imprescindível que o homem se revele pelas suas obras: a fé sem obras é morta.
Com relação à fenomenologia mediúnica, a Doutrina Espírita não aceita o milagre ou o sobrenatural, mas explica tudo à luz da naturalidade. O ministério dos anjos, esse ministério divino, a que o Apóstolo Paulo se referiu tantas vezes, é exercido através da mediunidade. A própria Bíblia nos relata uma infinidade de comunicações mediúnicas. Veja-se as palavras do Rei Samuel, em Provérbios 31:1-9, que, segundo o texto bíblico são "a profecia com que lhe ensinou sua mãe". Temos ali uma comunicação espírita integralmente reproduzida na Bíblia.
É importante distinguir o fato de que os estudos bíblicos se processam em duas direções diversas: há o estudo normativo das instituições religiosas, legados a várias igrejas e que seguem as regras da hermenêutica; há o estudo livre dos institutos universitários independentes, que seguem os princípios da pesquisa científica e da interpretação histórica. O Espiritismo não se prende a nenhum dos dois sistemas pois sua posição é intermediária. Reconhecendo o conteúdo espiritual da Bíblia, o Espiritismo estuda à luz dos seus princípios em harmonia com os métodos da antropologia natural e dos estudos históricos.
Segundo afirmação de Jesus em João, capítulo 10 "eu e o Pai somos um". Desta forma todos os homens possuem uma unidade essencial. Daí a importância de viver uma religião unitária em essência e verdade - o ecumenismo - apesar da variedade das formas em que se expressam.

Fonte: Portal do Espirito (Astrid Sayegh)




quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A violência e a Lei




Certa noite, no estudo de O Evangelho Segundo o Espiritismo, o orador falava sobre a parábola do filho pródigo.
 Mostrava as implicações materiais e espirituais da lição e comparava o relacionamento daquele pai e seus filhos com o tratamento que Deus dispensa a toda humanidade.
Abordamos, de nossa parte, que a reencarnação pode ser também compreendida como a festa que aquele pai fez para o filho que retornava, já que vinha ansioso por crescer, aprender e aplicar os conhecimentos adquiridos na difícil experiência.
Na parábola, aquele filho que pediu ao pai a sua parcela e tentou ser independente, cresceu como homem mais do que o outro que permaneceu na casa, apesar do aparente fracasso que o obrigou a fazer-se humilde e pedir perdão e ajuda ao genitor.
Diferentemente agem os pais terrenos. Impedem que seus filhos cresçam e poucos têm a coragem de dividir com o filho corajoso o seu patrimônio para que ele busque a independência. Preferem engrossar o acervo e manter-se como tutor da família. Acreditam que correrão menos risco, já que a inexperiência do filho poderá levá-lo ao insucesso e causar prejuízo. Se observassem as aves veriam que tão logo o filhote aprende a voar os pais desincumbem-se da sua vida, premiando-os com a liberdade e a responsabilidade. 
Como não agem assim, os homens criam uma prole inexperiente e quando o patriarca se despede da vida, deixa de mãos atadas os herdeiros que não aprenderam a lidar com o patrimônio que lhes é entregue. Grandes grupos industriais têm falido quando ficaram sob o comando da segunda geração. Despreparados, dilapidam em pouco tempo o que durou anos para construir. E não têm culpa, pois não foram treinados.
Quando analisamos os quadros de violência que assolam a humanidade nos dias tumultuados do final dos tempos, costumamos defini-la como a animalidade dos homens que agem como bichos. A violência para nós é o estupro, o sequestro, o crime, a invasão do domicílio. Todavia, uma outra grande carga de violência se pratica sob o amparo da lei, que nunca analisa a implicação moral e espiritual. Prende-se o que mata uma pessoa, mas não se prende o que mata uma esperança.
Os filhos, entregues aos pais para ser educados e aculturados, são muitas vezes vítimas da incompetência e do desconhecimento que os genitores têm quanto à responsabilidade que lhes compete. Tutelam demais e orientam de menos. Quem sabe se o direito dos homens não deve criar penas para os pais que negligenciam na formação de seus filhos, por inteiro. Chegaria o dia em que estes reclamariam nos tribunais, alegando que apesar de receberam as roupas caras, o carro do ano, o melhor alimento e o melhor colégio particular, nunca tiveram amor, nunca receberam a advertência, nunca se beneficiaram da merecida, necessária e oportuna punição. 
Enquadramo-nos todos na história do filho pródigo. Às vezes, somos o que ficou junto ao pai, sem buscar o desconhecido que aperfeiçoa e amplia a visão da vida. Não queremos errar, logo, não experimentamos. Não erramos, mas não crescemos. Outras vezes, somos o aventureiro imprevidente que recebeu do pai o seu quinhão, mas o consumiu com leviandade e imprudência.
Num caso ou noutro, o resultado origina a violência. Mas não a violência mencionada no decorrer deste texto. A violência de malbaratar os bens oferecidos por Deus. Ao reencarnar, recebemos uma dose de favores divinos para usar durante a vida. Mas nós os usamos incorretamente. Esses bens são o corpo físico, a inteligência, o dia de 24 horas, o alimento, o ar, a água, para citar algumas das inúmeras benesses.
Ao chegar à Terra, agimos conforme a nossa inferioridade. Temos inveja de tudo e de todos. Somos melindrosos e nos ofendemos quando nos corrigem. Gulosos, comemos demais e erradamente. Poluímos o ar que precisamos na manutenção da vida orgânica. Sujamos os rios com químicas e detritos. Aplicamos a inteligência na burla dos direitos do semelhante. Resultado, ao invés de flutuar nas águas cristalinas das leis de Deus, sempre de correnteza mansa e que leva o barco da vida ao porto seguro, preferimos navegar entre vagalhões que emborcam nossa nau e rasgam as velas que nos direcionariam ao porto da harmonia.
Essa violência se revela em cada homem, sem distinguir sexo. Violência de marido contra esposa, e vice-versa; de filho contra pai; de governo contra povo; de motorista contra pedestre; de jovem contra velho; de inteligente contra beócio; de rico contra pobre; de cor contra outra; de religioso contra ateu; de elegante contra destrambelhado; de forte contra fraco; de nativo contra estrangeiro. 
Daí, navegando contra a corrente a barca nunca chega ao destino. E o timoneiro esfalfado busca socorro. Busca socorro em Deus. Deus na figura das leis, não dos templos, das rezas, dos pretensos privilégios. Ao retornar como o filho pródigo, encontra o Pai sorridente que se alegra com a volta da ovelha desgarrada. Deus espera, pacientemente, porque sabe que não há alternativa. Mas o homem pensa que há. Por um tempo ele se dá bem e imagina-se autossuficiente. Mas, na contramão da lei, o sucesso é efêmero e inconsistente.
Antes de nos assustarmos com a violência e criticarmos o comportamento alheio, imputando aos facínoras toda a responsabilidade dessa violência, observemos que diariamente cada um de nós lança mais uma semente na grande seara do desentendimento. E, regada pelas lágrimas, ela tem se desenvolvido rápida e assustadoramente.
Temos de combater a violência, a partir das formas mais singelas. A árvore não nasce grande e só produz frutos porque um dia foi plantada. Cada ser vivente deste planeta miúdo e sofrido é um agente causador do mal. Muitas vezes por mera ignorância. Pode ser uma atenuante, mas nunca uma desculpa ou justificativa. No direito dos homens está escrito que ninguém pode alegar ignorância a respeito da lei. E a lei de Deus é mais facilmente compreensível do que a dos homens. E se estas estão impressas nos livros, a lei de Deus está escrita no coração de todas as pessoas.
Artigo de autoria de Octávio Caúmo Serrano, publicado no Boletim “A Voz do Espírito”, Nr. 019, de 08/02/2000