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sexta-feira, 25 de outubro de 2019

O Cego de Nascença

O Cego de Nascença

O Cego de Nascença

O capítulo 9 do Evangelho de João inicia destacando a postura dinâmica de Jesus, que está sempre em movimento. Ele não apenas está fisicamente em movimento, percorrendo diferentes lugares e encontrando pessoas em suas necessidades, mas também está constantemente em movimento espiritual, buscando estender Sua luz e amor a todos.

Naquele dia, conforme registrado em João 9:1-3, Jesus, ao passar, viu um homem que era cego de nascença. E, de forma intrigante, seus discípulos o interrogaram: "Rabi, quem pecou, ele ou seus genitores, para que fosse gerado cego?" A resposta do Mestre é profunda: "Nem ele pecou nem seus genitores, mas para que fossem manifestadas nele as obras de Deus."

A Concepção Judaica de Deus

Primeiramente, devemos nos deter na pergunta elaborada pelos discípulos. De imediato, a pergunta revela a ideia que o povo judeu mantinha em relação a Deus naquela época. Sem dúvida, eles concebiam a ideia de Deus como um ser vingativo, que punia a humanidade por seus desvios, impondo enfermidades, limitações físicas e mentais como castigo, conforme relatado em grande parte dos textos bíblicos.

A pergunta feita a Jesus também denota que, para o povo da época, Deus não era apenas visto como vingativo, mas principalmente como injusto, pois punia não apenas os pecadores, mas também sua descendência.

A Reencarnação na Tradição Judaica

Por outro lado, a pergunta formulada pelos discípulos deixa transparecer a crença dos judeus na reencarnação. Eles acreditavam, sem dúvida alguma, que o ser humano nasce, morre e renasce em novas vidas sucessivas.

Essa ideia se torna evidente na pergunta feita pelos discípulos, pois se a cegueira do homem era desde o nascimento, não faria sentido lógico perguntar quem havia pecado, se o cego ou seus pais. Isso sugere que eles reconheciam a possibilidade de que as consequências dos atos e escolhas de vidas passadas pudessem refletir na situação atual de uma pessoa. Afinal, nascido cego, em razão de suposto castigo que lhe fora infligido pelo Deus vingador, os discípulos queriam saber quando aquele homem havia pecado.

Referências Bíblicas à Reencarnação

Aliás, a questão da reencarnação era o pensamento da época, sendo, inclusive, abordada em outros episódios da Bíblia, como, por exemplo, em Mateus 17:10-13, onde Jesus afirma que João Batista é Elias reencarnado. É verdade que o termo "reencarnação" não foi empregado especificamente no texto, uma vez que se trata de um termo mais contemporâneo. No entanto, a declaração de Jesus sobre João Batista ser Elias indica claramente a ideia de uma nova manifestação ou retorno de uma mesma entidade espiritual em uma nova vida. Elias, como profeta, havia desaparecido cerca de nove séculos antes de Jesus, e a profecia em Malaquias 5:4 previa seu retorno antes da vinda do Messias.

Outra passagem referente a reencarnação está descrita em João 3, 1-12, no episódio que narra o encontro de Nicodemos com Jesus. Nicodemos procurou Jesus com o objetivo de obter esclarecimentos sobre uma questão que o perturbava. Ele buscava respostas para suas dúvidas e ansiava por compreender melhor as verdades espirituais. Ele queria saber o que era necessário fazer para alcançar o Reino de Deus. Ao sondar a intimidade de Nicodemos, Jesus afirma ao fariseu, que era mestre e doutor da lei, a necessidade de nascer de novo para alcançar conquistas espirituais significativas. Diante do espanto de Nicodemos em relação ao tema, Jesus expressa surpresa, dizendo-lhe que seria difícil explicar-lhe sobre as coisas celestiais se ele, sendo um mestre em Israel, não compreendia plenamente as coisas terrenas.

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A Lei de Causa e Efeito

O texto de João também aponta que, além do tema das vidas sucessivas, a pergunta feita pelos discípulos a Jesus indica que os judeus tinham um entendimento sólido da lei de causa e efeito como manifestação da justiça divina. Eles compreendiam que os males enfrentados na vida presente estavam relacionados a faltas cometidas no passado. No entanto, sua compreensão da justiça divina estava permeada pela ideia de castigos e punições.

A Verdadeira Natureza de Deus

Jesus veio ao mundo para ensinar aos homens que Deus é amor, cuja justiça é toda fundamentada na misericórdia. Um Pai Amoroso que não pune, nem castiga, mas educa os filhos que muito ama para que aprendam igualmente a amar.

É por isso que Jesus responde aos discípulos que a cegueira do homem não tinha qualquer relação de causa e efeito com seu passado, não sendo, portanto, resultado de punição divina, porque Deus não pune, Deus educa.

A Autopunição e Suas Manifestações

A punição é uma manifestação da imperfeição humana. Como seres imperfeitos e frágeis, carregamos em nossa consciência as leis divinas, e mais cedo ou mais tarde somos levados a confrontar nossas ações registradas em nosso íntimo. Diante dos desvios cometidos, a punição se impõe como forma de buscar alívio da culpa que nos atormenta e nos rouba a paz.

A mente humana, quando desequilibrada pela culpa, pode interferir nas estruturas sutis do corpo físico e espiritual, resultando em enfermidades, problemas e aflições. Essa autopunição pode manifestar-se por meio de aflições e doenças que surgem como consequência das emoções negativas e dos padrões de pensamento dissonantes. A carga emocional não resolvida e a autocrítica podem desencadear um ciclo de autopunição, afetando tanto o bem-estar físico quanto o espiritual. Quantas aflições e doenças são resultados da autopunição.

O Mecanismo da Autopunição

A autopunição é uma resposta emocional e mental que muitas vezes surge como uma tentativa ilusória de resolver conflitos com as leis divinas. É uma forma infantil e limitada de lidar com a culpa e a busca pela reconciliação interior. Ao escolher a autopunição, o ser humano acredita que está pagando por seus erros e se redimindo, mas na verdade essa abordagem não traz uma verdadeira cura ou transformação.

É assim que o ser humano, frágil e imperfeito, diante de um crime cometido contra seu próximo, para livrar-se da consciência de culpa, escolhe renascer sem os braços que outrora usou para ferir, porque ainda é incapaz de pensar na possibilidade de embalar nos braços, como filho, aquele que no passado feriu. Renascer sem os braços é escolha humana, jamais Justiça Divina.

A Verdadeira Justiça Divina

A justiça divina, segundo Emmanuel, no livro O consolador, opera-se de forma diversa. Na resposta à questão 135, Emmanuel diz que todo aquele que interferir indevidamente na harmonia divina, expressão do belo e do harmonioso, terá que recompor os elos sagrados que foram rompidos. Emmanuel usa o verbo recompor, que significa recuperar, reorganizar.

Ao voltarmos ao texto de João para examinar a resposta dada por Jesus aos discípulos, nos deparamos com uma nova revelação. Jesus ao responder aos discípulos, acrescentou que: "Nem ele pecou nem seus pais; mas foi assim para que se manifestem nele as obras de Deus."

As Obras de Deus

Notemos que nem toda dor e sofrimento são mecanismos de operação da lei de causa e efeito. Jesus nos apresenta uma outra verdade: a cegueira do homem era manifestação das obras de Deus.

E o que são as obras de Deus? Obras são resultados de uma ação. A cegueira do homem era resultado de uma ação e não de uma punição, como acreditavam equivocadamente os discípulos. Na verdade, a cegueira do homem, funcionava como um instrumento para impulsionar seu progresso espiritual.

Este tema está tratado no Evangelho Segundo o Espiritismo, capítulo V, item 09:

"Não se deve crer, no entanto, que todo sofrimento suportado neste mundo seja necessariamente indício de uma determinada falta. Muitas vezes são simples provas escolhidas pelo Espírito para concluir a sua depuração e acelerar o seu adiantamento.

Casos Ilustrativos

No livro Missionários da Luz, psicografia de Francisco Cândido Xavier, capítulo 12, o espírito André Luiz, narra casos semelhantes, dentre os quais cita-se o caso de Silvério e de uma moça, cujo nome ficou no anonimato.

Silvério, quando da análise de seu projeto reencanatório, acolhe a sugestão de seus mentores, em nascer com um problema na perna, a fim de que o problema de saúde da perna se lhe apresentasse como um "antídoto à vaidade, uma sentinela contra a devastação do amor próprio".

A moça, cujo nome ficou no anonimato, solicita ajustes em seu modelo de corpo físico, para que desenvolvesse problemas na tireoide e na paratireoide, a fim de não se apresentar na Terra com uma forma física perfeita, acrescentando que preferia a fealdade corpórea, para não sucumbir aos apelos da vaidade.

Conclusão

O diálogo entre Jesus e seus discípulos, assim como os exemplos dos personagens do livro "Missionários da Luz", nos esclarece que as deficiências físicas e outras dificuldades enfrentadas durante uma encarnação não sejam apenas flagelos expiatórios, mas também oportunidades de crescimento espiritual. Essas experiências desafiadoras podem ser vistas como ferramentas de ascensão, permitindo que o espírito imortal avance em seu caminho evolutivo.

quinta-feira, 15 de agosto de 2019

O Grão de Mostarda

O Grão de Mostarda - Uma Análise Espiritual

O Grão de Mostarda - Uma Análise Espiritual

A que é semelhante o Reino de Deus e com o que posso compará-lo? É semelhante a um grão de mostarda que um homem semeou no campo e que é a menor de todas as sementes; mas, crescendo, é a maior das plantas, e faz-se uma árvore, de sorte que vêm as aves do céu, e se aninham nos seus ramos.

A Parábola e seu Significado

Na pequena parábola do grão de mostarda, narrada em Lucas 13, 18-19, em apenas dois versículos, Jesus utiliza, novamente, a expressão "Reino de Deus", para transmitir conteúdos espirituais que dizem respeito à evolução do espírito imortal.

A escolha do grão de mostarda, considerada uma das menores sementes conhecidas naquele tempo, teve como propósito traçar um paralelo entre essa semente e a evolução do espírito. Assim, a menor das sementes, quando plantada em solo fértil, pode transformar-se em uma árvore frondosa.

A Criação Divina

As árvores não surgem prontas das mãos do Criador. Deus espalha pelo mundo sementes repletas de potencialidades, destinadas a se tornarem árvores majestosas.

Nesse contexto, o Livro dos Espíritos, em resposta às questões 115 e 118, elucidou que Deus criou todos os Espíritos de forma simples e ignorante, isto é, sem conhecimento. O objetivo é que todos alcancem a perfeição, um destino do qual ninguém poderá se esquivar.

O Processo de Evolução

Da mesma forma que as sementes, os espíritos, criados em sua simplicidade e ignorância, são lançados nos mundos materiais para que possam evoluir e, eventualmente, se tornarem espíritos puros.

Essa é a essência da parábola. A semente, ao longo de várias etapas de desenvolvimento, transforma-se em árvore. Ela começa seu trajeto na obscuridade da terra, rompendo a casca que a confina. Superando obstáculos do solo, surge como um tênue broto verde e, com o passar e repetição das estações, fortalece-se e cresce imponente.

No Capítulo 2 de "O Livro dos Espíritos", é elucidado que a jornada rumo à perfeição espiritual é trilhada através das incontáveis reencarnações em diferentes mundos materiais. É através destas sucessivas vivências corpóreas que o espírito desabrocha suas potencialidades intrínsecas, cultivando inteligência e refinando sua sabedoria.

terça-feira, 14 de maio de 2019

Por que Reencarnamos no Brasil

Por que Reencarnamos no Brasil

Por que Reencarnamos no Brasil

A Parábola dos Vinhateiros Homicidas, registrada por Mateus no capítulo 21, versículos 33 a 45, quando interpretada à luz da doutrina espírita, permite identificar o motivo da nossa reencarnação no Brasil. Espíritos milenares, provenientes de centenas de outras civilizações, muitas das quais já não existem, fomos reunidos em terras brasileiras para cumprir um compromisso anunciado na Parábola dos Vinhateiros Homicidas. Esta parábola fala diretamente aos corações dos brasileiros sobre o compromisso que temos com Jesus.

A Parábola dos Vinhateiros Homicidas

Um homem, chefe de família, plantou uma vinha, circundou-a com uma cerca, cavou nela um lagar para pisar uvas e construiu uma torre de guarda. Em seguida, arrendou a vinha a agricultores e viajou para o estrangeiro. Quando se aproximou o tempo dos frutos, enviou seus servos aos agricultores para receber seus frutos. Os agricultores, porém, agarraram os servos, espancaram a um, mataram a outro e a outro apedrejaram. Novamente o dono da vinha enviou outros servos, em maior número que os primeiros. Mas eles os trataram do mesmo modo. Por fim, enviou-lhes o próprio filho, dizendo: respeitarão a meu filho. Mas os agricultores, vendo o filho, disseram entre si: Este é o herdeiro. Vamos matá-lo e tomemos posse de sua herança! Então, agarraram-no e lançaram-no fora da vinha e o mataram. Então, quando o senhor da vinha voltar, que fará com esses agricultores? Perguntou Jesus aos que o ouviam. Eles responderam. Dará triste fim a esses criminosos e arrendará a vinha a outros agricultores, que lhe entregarão os frutos no tempo certo. Então, Jesus lhes diz: "Vocês nunca leram nas Escrituras? 'A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular; isso vem do Senhor, e é admirável aos nossos olhos? Por isso vos digo que o Reino de Deus vos será tirado e será dado a uma nação que produza seus frutos".

Interpretação Espírita da Parábola

O espiritismo identifica Deus como o Senhor da Vinha. Esta vinha representa o campo de trabalho que Deus nos confiou, uma dádiva para que a cultivemos e a façamos frutificar. Ela também simboliza nosso psiquismo, um vasto campo de trabalho à espera do esforço do lavrador. No plano físico, a vinha engloba todas as nossas oportunidades de atuação no mundo, seja na família, no emprego ou em nossas atividades sociais. Já no plano íntimo, ela se refere aos nossos sentimentos, emoções e vontades.

Pela lei do progresso material, somos chamados a cultivar a vinha no plano físico, contribuindo para o aprimoramento do mundo. Já pela lei do progresso moral, somos incentivados a cultivar a vinha em nosso íntimo, buscando nosso avanço moral.

O lagar, onde se pisam as uvas, é a ferramenta para trabalhar na vinha, extraindo dela os frutos que, em uma perspectiva espiritual, correspondem ao Evangelho pregado por Jesus. É somente por meio da vivência desse Evangelho que conseguiremos transformar o mundo.

O Brasil como Nação Escolhida

O Evangelho de Jesus, aliado à revelação espírita, são os meios que Deus nos forneceu para cultivarmos a vinha em nossos corações e produzirmos os frutos que Ele anseia colher.

A Parábola nos revela que a vinha estava cercada e possuía uma torre de guarda. Esses elementos evocam a imagem de um Pai atencioso e zeloso, que cuida de toda a sua criação.

Os agricultores, que eram arrendatários da vinha, simbolizam a humanidade. Os servos que foram enviados para colher os frutos esperados, e que acabaram sendo mortos, apedrejados e espancados, representam os profetas do Antigo Testamento. Eles vieram antes de Cristo, enviados por Deus para guiar a humanidade. O filho da vinha, que foi enviado por último, é uma representação do próprio Jesus, a pedra angular que foi rejeitada pelos construtores e, posteriormente, morto.

A Revelação Espírita e o Brasil

De acordo com a revelação espírita, não resta dúvida de que a nação referida na Parábola é o Brasil.

No ano de 1857, o Livro dos Espíritos é publicado na França, cumprindo-se assim, a promessa de Jesus sobre o envio do Consolador. Na penúltima página do livro dos Espíritos, com o título Prolegômenos, antecedendo o primeiro capítulo, os espíritos dizem a Allan Kardec: "Coloca na cabeça do livro a cepa de vinha que te desenhamos, porque ela é o emblema do trabalho do Criador."

Os espíritos, sob a coordenação do Cristo, anunciaram a vinha transportada, conforme Jesus finalizou na Parábola. Contudo, mesmo que a revelação espírita tenha sido plantada em Paris, na França, não é aquela a nação a que Jesus se referia na Parábola.

O Papel de Chico Xavier

Esta afirmação encontra ênfase na informação dos Espíritos a Allan Kardec, conforme registrado no livro "Obras Póstumas", no capítulo "Primeira notícia de uma nova encarnação".

Eles afirmaram que o espiritismo, embora semeado na França, não seria amplamente aceito e reconhecido durante a vida de Kardec. Ele desencarnaria sem testemunhar os frutos da semente que plantou na França, pois somente muito tempo depois esses frutos surgiriam e se espalhariam por toda a Terra.

Allan Kardec desencarnou em 31 março de 1869. Quatro décadas depois, em 02 de abril de 1910, Francisco Cândido Xavier nasceu em Pedro Leopoldo, MG. Ele trouxe ao mundo 504 obras ditadas pela espiritualidade, fazendo a semente plantada na França florescer e frutificar, e se difundir por todo o planeta.

A Missão do Brasil

No entanto, nossa missão como espíritas reencarnados em terras brasileiras foi revelada em 1938, por meio da psicografia de Chico Xavier, no livro "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho".

No capítulo 1 do referido livro, ocorre um diálogo entre Jesus e Hélil, um espírito de elevada esfera, sendo assim, um de seus assessores diretos. Em um determinado momento da conversa, Jesus diz a Hélil: "Nesta terra maravilhosa e abençoada, será transplantada a árvore do meu Evangelho de piedade e amor."

E mais adiante, o Cristo completa: "Sob a luz misericordiosa das estrelas da cruz, ficará localizado o coração do mundo!"

No capítulo 2, Hélil, demonstrando preocupação com o projeto de Cristo de transportar seu evangelho para as terras brasileiras, diz a Jesus: "Temo, Senhor, que as nações ambiciosas matem as nossas esperanças, invalidando as suas possibilidades e destruindo os seus tesouros".

Jesus, confiante na proteção do Pai, não hesita em expressar com genuína certeza e alegria: "Helil, afasta essas preocupações e receios inúteis. A região do Cruzeiro, onde se realizará a epopeia do meu Evangelho, estará, antes de tudo, ligada eternamente ao meu coração".

Conclusão

Indubitavelmente, todas as outras nações do mundo recebem a proteção divina, pois todos somos filhos do mesmo Pai. No entanto, não nos foi concedido conhecer o plano de Deus para as demais nações; entretanto, o Brasil está conectado diretamente ao coração de Jesus. E o projeto de Jesus para o Brasil nos foi revelado no livro "Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho.

Nós, como espíritos antigos, que atravessamos centenas, até milhares de encarnações, e agora carregamos débitos de diversas naturezas, somente fomos selecionados para renascer no Brasil porque suplicamos a Jesus por essa oportunidade. Imploramos a chance de contribuir para nossa própria transformação moral, contando com o amparo direto de Seu Coração Compassivo.

Dessa forma, podemos, sob a orientação do conhecimento espírita, cultivar a terra de nossos corações para que produza os frutos que Ele espera de nós. Reencarnamos nas terras brasileiras porque assumimos um compromisso com Jesus de promover nossa transformação moral, de alterar a paisagem interna que está marcada pelo orgulho, vaidade, egoísmo, individualismo, interesses pessoais, arrogância, inveja, maldade e outros tantos vícios e defeitos morais que já somos capazes de identificar em nosso interior.

Jesus nos concedeu a oportunidade de cultivar hoje a vinha de nossos corações, sob a influência e as bênçãos que fluem diretamente de Seu magnânimo coração. Não devemos desperdiçar nem mais um momento do tempo que nos foi concedido.

No entanto, se negligenciarmos o compromisso assumido, é indubitável que perderemos a oportunidade de receber as emanações inspiradoras diretamente do coração de Jesus para realizar o trabalho de aprimoramento íntimo. E, certamente, a luz orientadora do Mestre iluminará os caminhos daqueles que demonstrarem uma dedicação e interesse maiores em progredir conscientemente.

domingo, 22 de janeiro de 2017

Legião, Porque Somos Muitos

Legião, Porque Somos Muitos

Legião, Porque Somos Muitos

Jesus passava pela região dos gadarenos quando um homem emergiu das sepulturas e correu ao Seu encontro assim que O avistou. Esse não era um homem comum; há muito tempo estava possuído por demônios. De aparência desgrenhada, parcialmente despido, com olhos vitrificados e alimentando-se de restos, ele habitava o local destinado às sepulturas.

Ao ver Jesus, o homem correu e prostrou-se diante da Luz do Mundo, exclamando: "Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Peço que não me atormentes." Jesus perguntou: "Qual é o teu nome?" Ele respondeu: "Legião é o meu nome, pois somos muitos."

Naquele momento, uma manada de porcos passava por ali. O homem implorou a Jesus que não os expulsasse da província. Os demônios rogaram: "Envia-nos para os porcos, para que entremos neles." Jesus consentiu, e os espíritos imundos entraram nos porcos. A manada se precipitou por um despenhadeiro no mar e se afogou.

O Significado Espiritual da Narrativa

O texto conduz a lições profundas que vão além da narrativa aparente. Literalmente, a história fala de um homem vítima de obsessão espiritual. No entanto, ao encontrar Jesus, a personificação do amor, ele corre ao Seu encontro, suplicando que o deixe em paz, pois seu tempo ainda não havia chegado (Mt 8:29).

O diálogo se estabelece com a legião de espíritos que sugavam as energias vitais do homem (Mc 5:9-13). Eles pedem a Jesus que lhes permita entrar nos porcos que passavam por ali, e o Mestre concede. Consumada a transferência, a manada se atira penhasco abaixo e se afoga no mar.

Reflexão e Autoconhecimento

O texto nos convida a um autoexame. Questiona o cultivo de "sepulcros" internos, onde abrigamos paixões, pensamentos e emoções infelizes. O autoconhecimento é uma recomendação constante nas mensagens de Jesus. Contudo, muitos, ocupados com as trivialidades do mundo, negligenciam essa prática. E quando a morte chega, surpreendem-se ao perceber que sua mente foi um depósito de cadáveres emocionais, alimentando longos processos de auto-obsessão.

Emmanuel, no livro "Pão Nosso", capítulo 32, reflete sobre o tema:

"Luta contra os cadáveres de qualquer natureza que se abriguem em teu mundo interior. Deixa que o divino sol da espiritualidade te penetre, pois, enquanto fores ataúde de coisas mortas, serás seguido, de perto, pelas águias da destruição."

Consciência e Evolução Espiritual

É preciso questionar quem está no comando de nossas ações, pensamentos e desejos. Estamos sendo guiados por nossa consciência divina ou pelas nossas imperfeições morais e vícios? Essas imperfeições consomem as energias sutis da alma e estabelecem conexões com mentes que vibram na mesma frequência, levando a processos obsessivos difíceis de romper.

Por outro lado, é crucial refletir que, embora o ser humano encarnado necessite da matéria para sua evolução, o culto ao material e ao impermanente cria amarras que o aprisionam. Isso o situa em uma faixa vibratória tão densa que sua condição se assemelha à do homem obsidiado de Gadareno. Nada conseguia libertá-lo dessa situação, pois todas as tentativas de removê-lo dali foram em vão; ele estava profundamente atado às suas próprias trevas. Ele só se libertou quando a legião de espíritos que o atormentava foi transferida para uma manada de porcos. A imagem da manada de porcos se atirando do penhasco simboliza as múltiplas reencarnações do espírito, necessárias para a superação das imperfeições morais.

O Desafio Contemporâneo

O Evangelho de Jesus é o maior tesouro enviado pelo Pai para despertar as almas do sono profundo da ignorância. No entanto, dois mil anos se passaram, e a humanidade ainda exibe os mesmos defeitos: orgulho, egoísmo, vaidade, impaciência e ignorância diante dos desafios da vida.

Quando procrastinamos a mudança de um comportamento reconhecidamente errôneo, a voz do homem de Gadareno ressoa em nosso íntimo: "Que tenho eu contigo, Jesus, Filho do Deus Altíssimo? Vieste aqui para nos atormentar antes do tempo?"

Conclusão e Chamado à Ação

O momento para a mudança é agora, não amanhã. Jesus desafia as consciências daqueles que já são capazes de entender Seu Evangelho, mas relutam em viver de acordo com Seus ensinamentos. Eles preferem permanecer, como o homem de Gadareno, nos sepulcros de suas imperfeições, vivendo com uma legião de vícios e fraquezas morais.

Lembremos do apóstolo Paulo que nos convida a despertar.

"Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos, e Cristo te iluminará" (Efésios 5:14)

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O Casamento na Visão Espírita

O Casamento na Visão Espírita

O Casamento na Visão Espírita

A vida na Terra se assemelha a uma viagem, cuja duração varia de pessoa para pessoa. Esta viagem é baseada em compromissos e tem como objetivo principal a conquista de virtudes.

O casamento, com a consequente formação de um lar, quando programado no mundo espiritual, é talvez o item mais importante dessa viagem, pois envolve a vida dos cônjuges e dos filhos.

Conclui-se, assim, que se João veio para se casar com Maria, irão se encontrar no momento exato, independentemente da nacionalidade, raça, cultura ou posição socioeconômica que tenham. A programação inclui também o número de filhos, legítimos ou adotivos, e o casal pode, usando o livre-arbítrio, diminuir ou aumentar esse número.

Os Diferentes Tipos de Casamento

Nos livros 'Nosso Lar' e 'Vida e Sexo', ambos psicografados por Chico Xavier, há informações a respeito dos variados tipos de casamento que ocorrem no mundo, como casamentos acidentais, provacionais, sacrificiais, afins e transcendentais.

Casamentos Acidentais

Os casamentos acidentais não foram planejados na vida espiritual. São motivados por interesses imediatistas, como atração física, fuga do lar, interesse material, vaidade e outros interesses materialistas. Esses casamentos, por não se sustentarem em bases morais e éticas, nunca são venturosos e facilmente se dissolvem.

Casamentos Provacionais

Os casamentos provacionais são programados pela espiritualidade e são verdadeiros reencontros de almas para os reajustamentos necessários à evolução delas. É por essa razão que há tantos lares onde reina a desarmonia, onde impera a desconfiança, e onde os conflitos morais se transformam, tantas vezes, em dolorosas tragédias.

Deus permite a união desses espíritos, inimigos do passado, para que possam, pelo convívio diário, dissolver o ódio que marcou a relação deles no passado, abrindo assim espaços emocionais para o amor e o perdão.

Embora provacional, trata-se de uma união planejada no mundo espiritual, e por isso, os espíritos superiores contribuem para que os cônjuges se encontrem e se apaixonem um pelo outro. Com o passar do tempo, após o casamento, o encantamento inicial se fragiliza diante das lembranças inconscientes do passado que vão aflorando. Surgem, então, as dificuldades de relacionamento na vida conjugal.

Casamentos Sacrificiais

Os casamentos sacrificiais, também programados no plano maior, são uniões de sacrifício para um dos cônjuges, que é muito mais evoluído em relação ao outro. Deus permite, neste caso, o reencontro de um espírito iluminado com um espírito inferiorizado. Acontece quando um espírito mais evoluído se propõe a ajudar aquele outro que se atrasou na jornada evolutiva. Quem ama não consegue ser feliz deixando na retaguarda, torturado e sofredor, alguém de sua afeição. Reencarna apenas para receber o retardatário como cônjuge, estimulando-o com seu carinho e sua luz a seguir o caminho do bem.

Casamentos Transcendentais

Os casamentos transcendentais consistem na união de dois espíritos evoluídos para realizarem, em conjunto, uma tarefa em favor da coletividade. São espíritos afins que se unem no mundo para o desempenho de tarefas especiais em favor do próximo.

A Realidade dos Casamentos na Terra

Sendo a Terra um planeta de provas e expiações, a grande maioria dos consórcios realizados são provacionais; os cônjuges têm ligações de vidas passadas e se encontram em processo de reajustamento. A Espiritualidade os une, através das leis do mundo, para que possam, pelo convívio diário, transformar a animosidade de ontem em laços de fraternidade e amor.

A prova disso é a desarmonia, os desentendimentos e os problemas morais, que terminam, às vezes, lamentavelmente, em agressões físicas. Nesses lares estão reunidos os mais variados tipos evolutivos para o reajuste, através da tolerância, paciência e o perdão das ofensas. Pois é na oficina do lar que haveremos de compreender e pôr em prática as lições de Jesus sobre o amor incondicional, a caridade e o perdão.

Por isso, o casamento é uma experiência muito rica, pois é no laboratório do lar que encontraremos a abençoada oportunidade de fazer das imperfeições do cônjuge o necessário buril para lapidar o nosso espírito desajustado, nos preparando assim para os grandes testemunhos que a vida nos cobrará para que possamos evoluir.

O Respeito à Individualidade no Casamento

Ninguém se casa para sofrer. Via de regra, as pessoas se casam porque se amam e querem seguir juntas na vida. Ninguém se casa pensando na separação. Mas para o êxito desse compromisso, é imprescindível que a tolerância reine nos corações dos cônjuges. Eles precisam compreender, principalmente, que o ser amado, longe de ser a 'metade' do outro, possui uma individualidade própria que deve ser respeitada para que o casamento atinja seu objetivo.

Respeitar a individualidade do outro é um dos ingredientes imprescindíveis para um casamento harmonioso.

A Lenda do Pajé: Uma Lição sobre Liberdade no Casamento

Divaldo Franco, no livro 'Sexo e Obsessão', conta uma história para ilustrar essa necessidade de os cônjuges respeitarem a individualidade um do outro quando se busca a plenitude conjugal.

Conta-nos, então, uma lenda que diz o seguinte:

Um jovem casal indígena, que se amava profundamente e desejava contrair núpcias, apresentou-se ao pajé da tribo para receber suas sábias orientações. Estavam radiantes e felizes, e prometiam nunca se separar. Desejavam fundir-se em um só ser.

O sacerdote da tribo concordou em orientá-los; entretanto, solicitou que os jovens executassem uma tarefa antes do casamento. Ao jovem índio foi pedido que trouxesse uma bela águia, e à sua companheira, que encontrasse um falcão. Não seria uma tarefa difícil para eles, pois faziam parte de uma tribo dedicada à criação de aves de rapina, e os índios eram treinados desde criança para esse mister. Saíram e, passados alguns dias, trouxeram as aves, radiantes pelo sucesso da tarefa.

O pajé, com um sorriso enigmático, olhou para eles e perguntou: 'Querem ser felizes para sempre? Querem viver juntos sem jamais se separarem? Então observem.'

Tomou a águia e amarrou uma de suas patas à pata do falcão, ligando assim uma ave à outra. Logo depois, soltou-as para que pudessem voar. Cada uma delas, no entanto, queria tomar um rumo diferente; cada uma queria seguir para uma determinada faixa do céu. As tentativas de voar livremente foram se sucedendo, e quando perceberam que não conseguiriam o intento, começaram a se bicar, ferindo-se mutuamente. O curandeiro libertou-as rapidamente para que não se destruíssem, e as aves, então, sentindo-se livres, voaram felizes, buscando o azul do infinito.

Assim é o casamento. Ele só será harmonioso se os cônjuges forem livres para exercitar suas potencialidades, sem amarras, sem grilhões e sem que um tenha que impor ao outro sua forma de pensar, agir ou sentir. Somente respeitando a individualidade um do outro será possível chegar ao final da jornada com a tarefa cumprida perante as leis divinas.