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terça-feira, 5 de setembro de 2017

Aborto

Aborto, segundo o Espiritismo

Aborto, segundo o Espiritismo

No "Livro dos Espíritos", em resposta à questão 614, a espiritualidade destaca a observância das leis divinas como o único caminho para a conquista da felicidade humana. Esse guia espiritual indica o que o indivíduo deve ou não fazer, e argumenta que a infelicidade ocorre quando há um afastamento dessas leis divinas.

A revelação espírita proporciona clareza ao afirmar que todas as escolhas contrárias às leis morais resultam em dor e sofrimento. Portanto, segundo os espíritos imortais, o homem é o arquiteto de seu próprio destino.

O Caminho do Espírito

O espírito, criado em simplicidade e ignorância, possui um caminho seguro inscrito em seu psiquismo para alcançar a paz e a felicidade, conforme indicado na questão 621 do "Livro dos Espíritos". Este caminho se baseia na observância das leis morais, que estão impressas em sua essência psíquica.

Contudo, dotado de livre-arbítrio, o espírito tem a prerrogativa divina de escolher entre a felicidade e a infelicidade. Esta escolha se dá conforme a sua decisão de agir em conformidade ou em desacordo com essas leis morais. Assim, Deus lhe concede a liberdade de escolher seu próprio destino, seja ele de paz e contentamento ou de dor e sofrimento.

Escolhas e Suas Consequências

O ser humano, contudo, frequentemente opta por desviar-se do plano de felicidade esboçado por Deus, devido às suas próprias imperfeições. Muitas vezes, ele escolhe seguir um caminho autônomo, marcado pelo imediatismo e pelas ilusões que o mundo material oferece. Essa trajetória não apenas falha em conduzi-lo a um destino significativo, mas também deixa marcas profundas em sua alma, resultantes das quedas morais ocasionadas por suas escolhas equivocadas.

A Culpa e a Consciência

O dilema das escolhas equivocadas não reside apenas em suas consequências imediatas, mas também no autojulgamento que eventualmente se manifestará, despertando sentimentos de culpa na consciência. Essa culpa, se não for enfrentada de maneira madura, tem o potencial de levar ao adoecimento da alma.

O espírito Joana de Angelis, no livro "Conflitos Existenciais", psicografado por Divaldo Franco, destaca que "a culpa é o resultado da raiva que alguém sente contra si mesmo, voltada para dentro, em forma de sensação de algo que foi feito erradamente".

Essa perspectiva sublinha a importância de uma abordagem introspectiva e madura para lidar com os erros e falhas, a fim de evitar o desgaste emocional e espiritual que a culpa não resolvida pode causar.

Arquétipos Bíblicos e Morais

A referência literária mais antiga sobre o dilema da consciência culpada pode ser encontrada no livro de Gênesis, especificamente na narrativa de Adão e Eva. Após consumirem o fruto proibido, ambos começam a sentir o desconforto da culpa em suas consciências. Isso ocorre porque é na consciência que estão inscritas as leis divinas. Sentindo o peso de uma consciência culpada, o casal tenta esconder sua própria nudez da presença de Deus.

Este ato simbólico revela que a sensação de culpa pode desencadear no ser humano um sentimento de impureza da alma, algo que se sente compelido a ocultar. A narrativa de Adão e Eva ilustra de forma arquetípica como a culpa pode afetar não apenas nosso comportamento, mas também nossa percepção de nós mesmos e nossa relação com o divino.

A narrativa de Adão e Eva pode ser vista como uma metáfora universal para a experiência humana, ilustrando o que ocorre quando nos afastamos das leis divinas para seguir as ilusões e tentações do mundo material.

Depois de infringirem a ordem divina, consubstanciada no consumo do fruto proibido, Adão e Eva são expulsos do Éden e experimentam uma queda moral. Passam a enfrentar todas as tribulações e sofrimentos que são típicos daqueles que fazem escolhas imprudentes, vivendo, a partir daí, com o fardo da culpa pesando em suas consciências.

Os personagens de Adão e Eva atuam como arquétipos que representam modelos humanos de falência moral. Eles simbolizam as quedas, os erros, os equívocos e a consciência afligida pela culpa que aflige todos aqueles que se desviam dos princípios éticos e morais. Sua história oferece uma visão penetrante dos desafios que a humanidade enfrenta ao equilibrar o livre-arbítrio com a responsabilidade moral, bem como as consequências dolorosas que podem advir dessa luta interna. É uma narrativa eternamente relevante, pois alerta sobre os desdobramentos espirituais e emocionais de nossas escolhas e aponta para a necessidade contínua de crescimento e redenção moral.

Em contrapartida, o arquétipo de Jesus representa o ideal do "homem de bem", cuja consciência está em perfeita sintonia com Deus e com o universo cósmico. Ele serve como um modelo de integridade moral e espiritual, um exemplo de como viver em conformidade com princípios éticos e leis divinas.

Jesus veio ao mundo com a missão de estabelecer um novo padrão, um novo referencial para a humanidade. Seu ensinamento e sua vida oferecem um caminho alternativo ao ciclo de erros e quedas morais simbolizados pela história de Adão e Eva. Ele ilustra a possibilidade de redenção e crescimento espiritual, demonstrando que é possível viver uma vida de amor, compaixão e justiça, mesmo em um mundo marcado pelo sofrimento e pela imperfeição.

Assim, enquanto Adão e Eva nos mostram as consequências de se desviar das leis morais e éticas, Jesus nos oferece uma visão do que pode ser alcançado quando alinhamos nossas vidas com esses princípios divinos. Ele serve como um farol de esperança e orientação, mostrando o potencial humano para a grandeza moral e a união com o Divino.

O tema do aborto, considerado à luz dos arquétipos e princípios mencionados, é realmente um dos tópicos mais complexos e polêmicos no âmbito da ética e da moral. Ele converge múltiplas facetas da experiência humana — desde o direito inalienável à vida até a autonomia da mulher sobre seu corpo, passando pelas responsabilidades morais e éticas que pesam sobre a decisão.

O Aborto na Perspectiva Espírita

O tema do aborto, quando considerado dentro do contexto da doutrina espírita, adquire dimensões espirituais específicas. De acordo com a visão espírita, a lei da reprodução é uma lei divina que facilita o processo de reencarnação, dando ao espírito uma nova oportunidade para aprender, crescer e se redimir de erros passados. Nesse sentido, o ato de interromper uma gestação é visto como a negação dessa oportunidade preciosa ao espírito que estava destinado a reencarnar.

Seguindo essa linha de pensamento, a decisão de realizar um aborto poderia ser comparada à desobediência simbólica de Adão e Eva às leis divinas. Em outras palavras, seria uma escolha que se afasta dos princípios morais e éticos, podendo resultar em consequências espirituais e emocionais para todos os envolvidos.

Infelizmente, o aborto ainda é tolerado pela sociedade, que muitas vezes se organiza para pressionar as autoridades mundiais a fim de obter sua legalização. Essa pressão ocorre com irracional desprezo pelo fato, comprovado pela ciência, de que a vida se inicia no momento da concepção. A doutrina espírita é esclarecedora neste aspecto, afirmando que o aborto é sempre um crime. As consequências espirituais recairão sobre a mulher que o praticou e sobre todos aqueles que, de qualquer forma, contribuíram para sua consumação, por menor que seja a contribuição ofertada.

Debate-se muito a respeito do direito de decidir sobre o momento de exercer a maternidade. É preciso considerar, no entanto, que esse direito, embora legítimo, encontra limite no direito à vida do espírito já ligado ao óvulo fecundado. O direito de um termina quando começa o do outro, e o maior de todos os direitos é o de viver. Abortar, mesmo que seja no dia seguinte à concepção, é matar e, portanto, comprometer-se diante da lei divina.

Mesmo no caso de estupro, o aborto é condenável, pois a criança, fruto do estupro, é inocente e não tem qualquer responsabilidade por um delito no qual não tomou parte. Nenhuma gravidez ocorre sem a permissão divina. A gravidez é uma experiência definida no projeto reencarnatório tanto da mulher quanto do homem.

No caso de estupro, é claro que o crime não foi planejado por Deus. É óbvio que não! No entanto, mentores espirituais aproveitam essa situação dolorosa para trazer um espírito à reencarnação. No caso do estupro, sempre será um espírito muito ligado à mulher, vítima do crime hediondo. Provavelmente, será um ente muito amado, alguém ligado a ela pelos laços mais sublimes do coração. Este aproveita o ato horrível do estupro para se ligar a ela e proporcionar-lhe, com seu amor incondicional, a alegria de viver, ajudando-a a superar o trauma do ato criminoso de que fora vítima.

Também constitui ação contrária às leis divinas o aborto em casos de má-formação fetal. A má-formação fetal está relacionada com a condição espiritual do espírito que busca desesperadamente, na reencarnação, a oportunidade de reconstruir os padrões energéticos que compõem as tessituras de seu perispírito, danificadas por ações violentas, no passado, provocadas por ele mesmo.

Negar-lhe a oportunidade de reencarnar é como negar socorro a alguém extremamente necessitado de internação hospitalar. Para esses espíritos, a reencarnação é um tratamento intensivo e de urgência. Para uma melhor compreensão do tema, vale a pena ler o livro "Memórias de um Suicida", da inesquecível médium Yvonne do Amaral.

Somente no caso em que a mãe corre risco de vida é que o aborto é tolerado.

Todavia, após a escolha equivocada e a consumação do triste ato, é claro que todos os envolvidos colherão, no futuro, os frutos da semeadura que optaram por plantar. Urge, no entanto, que se reergam perante Deus desde agora, pois se o aborto é um crime aos olhos das leis divinas, somente o amor cobre uma multidão de pecados, conforme nos ensinou o Apóstolo Pedro.

Conclusão: O Caminho da Transformação

p>Impõe-se, desde já, uma mudança nos padrões mentais, alterando-se o estado de consciência de culpa para o estado de consciência de responsabilidade. A culpa engessa o ser, paralisa-o no caminho e leva-o a agir como Adão e Eva, que fogem da presença de Deus, como se fosse possível a alguém fugir da presença do Pai. A responsabilidade, por sua vez, convida o ser que errou ao trabalho de soerguimento.

Jesus recomendou pegar no arado e não olhar para trás. O arado, à época de Cristo, era um instrumento pesado que exigia força e sacrifício do trabalhador para remover as imperfeições do solo, preparando-o para a semeadura. A imagem é perfeita.

Urge remover as imensas imperfeições que se têm cultivado no solo dos próprios corações, com sacrifício, coragem e força, para que a semente divina encontre condições emocionais para florescer.

Diante do erro, a doutrina espírita recomenda trabalho intenso em favor de si mesmo, em busca da própria transformação moral, pois Jesus precisa de todos, mas precisa de todos transformados.

Trabalhar, amar e servir. Eis as ferramentas para a própria transformação moral, a fim de que o ser se prepare espiritualmente para enfrentar, no futuro, as experiências em que falhou hoje e que serão necessariamente repetidas amanhã.

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Atire a Primeira Pedra

Atire a Primeira Pedra

Atire a Primeira Pedra

A ideia de justiça divina, concebida pela mente humana ao longo dos séculos, foi completamente reformulada pela revelação espírita. Temas como pecado e punição, que serviam para sustentar o poder religioso de dominação das consciências, foram desmistificados. Pecado e punição são construções humanas; Deus, conforme revelou Jesus, é um Pai Amoroso, Justo e Bom que não castiga nem pune seus filhos, mas os educa para que aprendam a amar.

O Episódio da Mulher Adúltera

O Evangelho de João, capítulo 8, versículos 1-11, aborda o tema de forma didática. Jesus havia terminado uma de suas pregações na praça pública quando notou uma agitação entre a multidão. Ao se aproximar para entender o ocorrido, um grupo de fariseus lançou aos seus pés uma jovem mulher flagrada em adultério. Era um grave delito, um pecado que deveria ser punido severamente com a morte por apedrejamento.

As pessoas estavam enfurecidas, indignadas, prontas para fazer justiça, todas com pedras nas mãos para atirar contra a mulher assim que fosse dado o sinal pelo juiz. Jesus chegou no exato momento, e os fariseus submeteram a mulher ao seu julgamento. Ela estava no chão, sem coragem de erguer os olhos para encarar Cristo ou a multidão enfurecida. Era ciente de seu pecado e conhecia bem o castigo que a aguardava.

O Julgamento de Jesus

Os fariseus questionaram Jesus: "Está escrito na Lei de Moisés que esse tipo de pecado deve ser punido com apedrejamento. E você, o que diz?" Antes de responder, Jesus se abaixou e começou a escrever no chão. O Evangelho de João não revela o que ele escrevia, mas muitos interpretam que ele estava listando as falhas morais dos presentes.

"Aquele dentre vós que estiver sem pecado, atire a primeira pedra."

Sentindo que seus segredos mais íntimos haviam sido descobertos, as pessoas se afastaram em silêncio, começando pelos mais velhos.

Jesus ajudou a mulher a se levantar e perguntou: "Mulher, onde estão os teus acusadores? Ninguém te condenou? Eu também não te condeno. Vai e não peques mais."

A Lição do Perdão e do Recomeço

Se Jesus, o ser mais perfeito que já encarnou na Terra, absteve-se de julgar, ninguém mais tem autoridade moral para julgar os erros alheios. A Justiça Divina não se manifesta pela punição, mas pela oportunidade de recomeçar.

No entanto, diante do erro, há quem se entregue à consciência de culpa, punindo-se a ponto de permanecer estagnado na jornada evolutiva. Outros justificam seus erros e enganos culpando terceiros, a vida, o destino e até Deus. A lição do Mestre é outra: levantar e seguir adiante, pois a vida é um movimento constante, conforme as palavras de Cristo: Meu Pai trabalha até hoje.