Concilia-te com Teu Adversário
Introdução
De acordo com o dicionário padrão, adversário é definido como o antagonista, opositor, aquele que se opõe. Conciliar, por sua vez, consiste em entrar em acordo com; pôr ou ficar em paz.
O texto destacado traduz um convite de Jesus à pacificação com os adversários como medida terapêutica para a obtenção de saúde mental, emocional e espiritual.
Os Adversários Internos
Obviamente, os adversários mencionados no texto não se referem apenas às pessoas com quem se criaram inimizades devido a contendas, mas também representam os sentimentos e pensamentos negativos que residem na intimidade do ser, do espírito imortal.
No capítulo 05 do livro 'Ceifa de Luz', na mensagem 'A lição da espada', Emmanuel afirma que os inimigos de nossa paz estão ocultos em nosso próprio eu, manifestando-se como orgulho, intemperança, egoísmo e animalidade.
Por sua vez, Joanna de Angelis,no livro 'Triunfo Pessoal', conclui que os adversários aos quais Jesus se referia correspondem aos pensamentos, sentimentos e comportamentos negativos que mantemos e alimentamos.
O Processo de Autoconhecimento
Todavia, o contato com os adversários na intimidade do ser exige um mergulho profundo na alma, alcançado através do autoconhecimento. A literatura oferece uma variedade de técnicas voltadas a esse fim, dentre as quais se destaca a auto-observação.
Esta prática consiste em observar os próprios pensamentos, sentimentos e comportamentos, abstendo-se de qualquer julgamento ou autocrítica. Trata-se de um exercício de pura observação, similar ao recomendado em práticas de meditação.
Desafios da Auto-observação
O processo de auto-observação não é simples nem sempre agradável, pois demanda disciplina e determinação. Muitas vezes, quando o observador se depara com suas próprias dificuldades morais, que antes acreditava não possuir, surge a tentação de desistir da experiência.
Aceitação e Crescimento Espiritual
É natural que, à medida que a auto-observação se aprofunda e as imperfeições morais vêm à tona, surjam sentimentos de vergonha e autocrítica. Contudo, é vital recordar que a Terra é vista como um planeta de provas e expiações, povoado por espíritos ainda em aprendizado, onde o mal tem grande presença.
Diante dessa realidade, não há motivo para cultivar sentimentos de vergonha ao reconhecermos nossas fraquezas morais, já que todos nós as temos em variados graus. O reconhecimento dessas falhas é essencial para o crescimento espiritual: ele nos permite um entendimento mais profundo de nós mesmos e nos incentiva a trabalhar para superar tais imperfeições, em busca da evolução pessoal.
A Importância da Aceitação
Jesus orientou que oremos uns pelos outros, pois estamos todos na mesma faixa vibratória. Aceitar-se como um espírito ainda em evolução, encarnado em um mundo de provas e expiações, é uma atitude humilde, que evidencia a consciência de nossa condição humana e a compreensão de que somos meros aprendizes na jornada da vida.
O Perigo da Negação
Contudo, o perigo está em negar as imperfeições morais que identificamos em nossa essência. Tal atitude impede qualquer possibilidade de pacificação, como Jesus nos orientou. Afinal, como é possível promover a paz com adversários internos quando negamos sua existência?
Conflitos Psicológicos e Libertação
Muitos conflitos psicológicos surgem devido à falta de aceitação das próprias imperfeições, as quais não deixam de existir apenas porque foram negadas. Pelo contrário, quando ignoradas, essas imperfeições tendem a se manifestar nos pensamentos, ações e sentimentos, sem que haja controle consciente sobre elas.
O Processo de Transformação
No livro 'Sementeira de Luz', capítulo 30, psicografado por Chico Xavier, o espírito Neio Lúcio ensina que a purificação dos sentimentos ocorre apenas no extenso e por vezes doloroso decorrer dos séculos. É através do ciclo contínuo de múltiplas vidas que conseguimos eliminar nossos defeitos e desenvolver as mais elevadas qualidades do espírito.
A Parábola da Torre Inacabada
Na parábola da Torre Inacabada, Lucas 14, 31-32, Jesus faz o mesmo convite, alertando-nos sobre a impossibilidade de se estabelecer um confronto entre o EU divino (SELF) e o EGO.
Conciliar significa não entrar em conflito com os próprios defeitos morais, mas sim mantê-los sob controle, evitando que se manifestem de maneira a causar dano aos outros.
Segundo o 'Livro dos Espíritos', na questão 893, aqueles que conseguem adotar tal postura já obtiveram uma virtuosa conquista.
O Verdadeiro Espírita
Allan Kardec, em "O Evangelho Segundo o Espiritismo", capítulo XVII, acrescenta: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más".
O verdadeiro espírita é aquele que se esforça para dominar as más inclinações. E, dominando-se, transforma-se.
Conciliar com os adversários é manejar os recursos da alma a fim de diminuir, pouco a pouco, a manifestação das imperfeições morais no pensamento, nas escolhas e no comportamento perante a vida. E, neste manejo, sem dúvida alguma, o êxito será resultado de inúmeras tentativas.
Por isso, Jesus nos pede para perseverar, jamais desistir (Mateus 24:13).
Conclusão
Emmanuel, no livro "Pão Nosso", capítulo 36, expressa: