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sábado, 19 de maio de 2018

PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS



O reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do esposo. E cinco delas eram prudentes, e cinco insensatas. As insensatas, tomando as suas lâmpadas, não levaram azeite consigo. Mas as prudentes levaram azeite em suas vasilhas, com as suas lâmpadas. E, tardando o esposo, tosquenejaram todas, e adormeceram. Mas à meia-noite ouviu-se um clamor: Aí vem o esposo, saí-lhe ao encontro. Então todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas. E as loucas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas se apagam. Mas as prudentes responderam, dizendo: Não seja caso que nos falte a nós e a vós, ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós. E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o esposo, e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta. E depois chegaram também as outras virgens, dizendo: Senhor, Senhor, abre-nos. E ele, respondendo, disse: Em verdade vos digo que vos não conheço. Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia e nem a hora. Mateus 25, 1-13.

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 Embora muitas interpretações desta parábola tenham um enfoque escatológico, as palavras de Jesus oferecem múltiplas perspectivas. É plenamente possível entendê-la não apenas como uma visão do fim dos tempos, mas também como um convite ao autoconhecimento. 

Ao utilizar elementos de um casamento tradicional judeu como pano de fundo, Jesus destaca a ideia de uma união cósmica e de uma conexão profunda, como um pilar que sustentará todas as outras imagens e mensagens contidas no texto. 

A parábola descreve o encontro de dez virgens com o noivo. Segundo a tradição judaica, durante a cerimônia de casamento, a noiva era acompanhada por suas amigas no trajeto até o noivo. Este, por sua vez, também caminhava em direção à casa da noiva, ladeado por seus amigos. 

No entanto, na parábola, Jesus omite qualquer menção à noiva, focando apenas em suas amigas, as virgens. Isso se dá porque Jesus não alude a um casamento terreno, mas sim à união entre a humanidade — o Seu rebanho — e Ele mesmo, o divino pastor..

Simbolicamente, Jesus é retratado como o noivo da humanidade, conforme evidenciado em Mateus 9:14-17. Essa representação também é reforçada na resposta à questão 309 do livro "O Consolador", ditado pelo espírito Emmanuel e psicografado por Chico Xavier.

Um dos pontos centrais da parábola é a analogia do reino dos céus com as dez virgens que se dirigem ao encontro do noivo. Jesus frequentemente se referiu ao "reino dos céus", utilizando diversas metáforas e elementos cotidianos da vida do povo judeu para facilitar a compreensão. Em Lucas 17:20-21, o Mestre clarifica sua mensagem, declarando que o reino não se localiza externamente, mas reside no interior de cada indivíduo. Isso sublinha que o "reino dos céus" não é um lugar físico, mas sim um estado interno de harmonia, equilíbrio e regência pelo amor incondicional.

É fascinante observar que as virgens, quando comparadas ao reino dos céus, avançam em direção ao noivo. Isso sugere que esse estado interno de harmonia, equilíbrio e domínio pelo amor incondicional não é algo passivamente recebido, mas sim uma conquista ativa. Está intrinsecamente ligado aos movimentos e esforços da alma em sua jornada evolutiva. 

Destaca-se, neste prisma, os movimentos pelo autoconhecimento. Sem essa introspecção e esforço consciente, é impossível transformar emoções e sentimentos desequilibrados em estados mais harmoniosos.

A escolha do número dez na parábola também é significativa. Na tradição judaica, os números carregam profundos significados simbólicos. O número dez, em particular, representa perfeição e totalidade. Assim, as dez virgens podem ser vistas como um símbolo da busca completa e perfeita pela harmonia interior e pelo amor incondicional.

Na parábola, as dez virgens não representam uma unidade perfeita e coesa, pois enquanto metade delas é descrita como prudente, a outra metade é caracterizada como imprudente. Assim, a imagem das dez virgens ilustra uma totalidade que, apesar de completa, possui suas metades em desequilíbrio.

Esta analogia pode ser estendida à humanidade atualmente encarnada no planeta. Em um mundo de provas e expiações como o nosso, o psiquismo humano, devido aos seus inúmeros conflitos internos, apresenta-se fragmentado. Existe uma parte de nós que é consciente e conhecida, enquanto outra permanece oculta e misteriosa. Há uma faceta que age com prudência e discernimento, e outra que pode ser impulsiva e até assustadora. Da mesma forma, enquanto uma parte de nós consegue controlar e dominar nossas tendências, a outra pode estar repleta de imperfeições e vícios que, por vezes, sobrepõem-se à nossa razão. Esta dualidade reflete a contínua luta interna que muitos enfrentam em sua jornada espiritual e evolutiva.

Joana de Angelis, através da série psicológica psicografada por Divaldo Franco, faz alusão ao pensamento de Carl Jung para elucidar aspectos profundos da psique humana. Segundo essa perspectiva, a parte desconhecida da personalidade abriga conteúdos psíquicos que o EU (ou SELF, conforme a terminologia junguiana) não reconhece conscientemente. Estes conteúdos estão armazenados no que é chamado de inconsciente profundo.

Este repositório oculto do inconsciente muitas vezes exerce uma influência poderosa sobre nossas ações e decisões, levando-nos, em certas ocasiões, a agir de maneiras que nos surpreendem e até mesmo contradizem nosso entendimento consciente de nós mesmos. É como se houvesse uma força interna, muitas vezes não reconhecida, que direciona certos aspectos de nossa vida.

Dada a influência profunda e, por vezes, misteriosa do inconsciente sobre o comportamento humano, não é surpreendente que o autoconhecimento tenha sido um tema recorrente nas parábolas de Jesus. Ele enfatizou a importância de olhar para dentro, de reconhecer e integrar todas as partes de nós mesmos, para viver uma vida mais plena e alinhada com o amor e a verdade divinos. 

Outro aspecto marcante da parábola é o sono que acomete todas as virgens. Mesmo estando equipadas com suas lamparinas, em determinado ponto da espera pelo noivo, todas adormecem devido à sua demora.

O sono, neste contexto, pode ser interpretado como uma metáfora para a inércia espiritual. Representa a estagnação e a inatividade do espírito, simbolizando a ausência do esforço contínuo e necessário para o autoconhecimento. Esse estado de "sono" reflete o comodismo, o desinteresse e o descaso na jornada de despertar da consciência. É uma postura passiva diante da vida e da evolução espiritual.

Essa inércia, simbolizada pelo sono, prende o ser humano ao estágio evolutivo em que se encontra, atuando como uma espécie de anestesia para a vontade e o ímpeto de crescimento. Em vez de avançar e buscar a iluminação e o entendimento, a alma permanece adormecida, perdendo oportunidades valiosas de evolução e aprendizado.

O momento em que as virgens são despertadas pela chegada inesperada do noivo é, sem dúvida, o clímax da parábola. Jesus, em sua maestria, utiliza simbolismos profundos e transcendentais para transmitir seus ensinamentos. A chegada do noivo à meia-noite não é um detalhe trivial. A meia-noite, marcada pelo encontro dos ponteiros do relógio, simboliza o fim de um ciclo e o início de outro. 

Dentro desse contexto, a chegada do noivo nesse momento específico sugere que o despertar espiritual pode ocorrer justamente quando menos esperamos, no limiar entre duas fases de nossa existência. É um lembrete de que a oportunidade para a transformação e o crescimento espiritual pode surgir a qualquer momento, e que devemos estar sempre preparados e vigilantes para recebê-la.

Nas cartas de Paulo aos Romanos, capítulo 13, versos 11-12, destaca-se a advertência do apóstolo do Cristo: “Reconheceis o momento em que viveis, já é hora de despertar do sono. A noite está avançada, o dia se aproxima. Rejeitemos, pois, as obras das trevas, e vistamo-nos das armas da luz.”

A parábola aponta para o despertar da consciência, porque a humanidade já se encontra em condições de realizá-la. Ao despertarem, as virgens percebem que não podem mais seguir juntas, porque durante o sono suas lamparinas se apagaram e metade delas não tinha azeite suficiente para mantê-las acesas.

 As virgens insensatas representam as máscaras que criamos para sustentar nossas pseudo-virtudes. Quando o ser humano não busca o autoconhecimento, quando se recusa a aceitar-se, quando não se perdoa, alimenta para si falsas virtudes, numa tentativa ilusória de compensar-se, acreditando ser o que não é. 

Todo movimento ilusório, do ponto de vista psicológico, um dia perde o combustível e não consegue sustentar-se, levando o ser a experimentar, muitas vezes, um despertar doloroso, como aconteceu com as virgens que, só então, perceberam o quanto se equivocaram.

Surge, novamente, a necessidade de se autodescobrir, para o trabalho de transformação moral, abandonando as máscaras e todos os outros artifícios psicológicos que evitam o despertar da consciência, rumo a plenitude espiritual.

Por fim, pondere-se que a separação das virgens, retrata a divisão de um todo. No caso da parábola, metade luz, metade trevas. Neste aspecto, já advertira o Cristo: “Todo reino dividido contra si mesmo será destruído. Toda cidade, toda casa dividida contra si mesma não pode subsistir”. Mateus 12:25.

Jesus termina a parábola recomendando orai e vigiai porque não sabemos o dia e a hora.

Aproveitar a encarnação para o exercício do autoconhecimento é missão de todos aqueles que buscam os patamares superiores da vida. O relógio da imortalidade já marcou meia noite. É chegada a hora!




 

 

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

O CASAMENTO À LUZ DA DOUTRINA ESPÍRITA


A vida na Terra se assemelha a uma viagem, cuja duração varia de pessoa para pessoa. Esta viagem é baseada em compromissos e tem como objetivo principal a conquista de virtudes.

O casamento, com a consequente formação de um lar, quando programado no mundo espiritual, é talvez o item mais importante dessa viagem, pois envolve a vida dos cônjuges e dos filhos.

Conclui-se, assim, que se João veio para se casar com Maria, irão se encontrar no momento exato, independentemente da nacionalidade, raça, cultura ou posição socioeconômica que tenham. A programação inclui também o número de filhos, legítimos ou adotivos, e o casal pode, usando o livre-arbítrio, diminuir ou aumentar esse número.

Nos livros 'Nosso Lar' e 'Vida e Sexo', ambos psicografados por Chico Xavier, há informações a respeito dos variados tipos de casamento que ocorrem no mundo, como casamentos acidentais, provacionais, sacrificiais, afins e transcendentais.

Os casamentos acidentais não foram planejados na vida espiritual. São motivados por interesses imediatistas, como atração física, fuga do lar, interesse material, vaidade e outros interesses materialistas. Esses casamentos, por não se sustentarem em bases morais e éticas, nunca são venturosos e facilmente se dissolvem.

Os casamentos provacionais são programados pela espiritualidade e são verdadeiros reencontros de almas para os reajustamentos necessários à evolução delas. É por essa razão que há tantos lares onde reina a desarmonia, onde impera a desconfiança, e onde os conflitos morais se transformam, tantas vezes, em dolorosas tragédias.

Deus permite a união desses espíritos, inimigos do passado, para que possam, pelo convívio diário, dissolver o ódio que marcou a relação deles no passado, abrindo assim espaços emocionais para o amor e o perdão.

Embora provacional, trata-se de uma união planejada no mundo espiritual, e por isso, os espíritos superiores contribuem para que os cônjuges se encontrem e se apaixonem um pelo outro. Com o passar do tempo, após o casamento, o encantamento inicial se fragiliza diante das lembranças inconscientes do passado que vão aflorando. Surgem, então, as dificuldades de relacionamento na vida conjugal.

Os casamentos sacrificiais, também programados no plano maior, são uniões de sacrifício para um dos cônjuges, que é muito mais evoluído em relação ao outro. Deus permite, neste caso, o reencontro de um espírito iluminado com um espírito inferiorizado. Acontece quando um espírito mais evoluído se propõe a ajudar aquele outro que se atrasou na jornada evolutiva. Quem ama não consegue ser feliz deixando na retaguarda, torturado e sofredor, alguém de sua afeição. Reencarna apenas para receber o retardatário como cônjuge, estimulando-o com seu carinho e sua luz a seguir o caminho do bem.

Os casamentos transcendentais consistem na união de dois espíritos evoluídos para realizarem, em conjunto, uma tarefa em favor da coletividade. São espíritos afins que se unem no mundo para o desempenho de tarefas especiais em favor do próximo.

Sendo a Terra um planeta de provas e expiações, a grande maioria dos consórcios realizados são provacionais; os cônjuges têm ligações de vidas passadas e se encontram em processo de reajustamento. A Espiritualidade os une, através das leis do mundo, para que possam, pelo convívio diário, transformar a animosidade de ontem em laços de fraternidade e amor.

A prova disso é a desarmonia, os desentendimentos e os problemas morais, que terminam, às vezes, lamentavelmente, em agressões físicas. Nesses lares estão reunidos os mais variados tipos evolutivos para o reajuste, através da tolerância, paciência e o perdão das ofensas. Pois é na oficina do lar que haveremos de compreender e pôr em prática as lições de Jesus sobre o amor incondicional, a caridade e o perdão.

Por isso, o casamento é uma experiência muito rica, pois é no laboratório do lar que encontraremos a abençoada oportunidade de fazer das imperfeições do cônjuge o necessário buril para lapidar o nosso espírito desajustado, nos preparando assim para os grandes testemunhos que a vida nos cobrará para que possamos evoluir.

Ninguém se casa para sofrer. Via de regra, as pessoas se casam porque se amam e querem seguir juntas na vida. Ninguém se casa pensando na separação. Mas para o êxito desse compromisso, é imprescindível que a tolerância reine nos corações dos cônjuges. Eles precisam compreender, principalmente, que o ser amado, longe de ser a 'metade' do outro, possui uma individualidade própria que deve ser respeitada para que o casamento atinja seu objetivo.

Respeitar a individualidade do outro é um dos ingredientes imprescindíveis para um casamento harmonioso.

Divaldo Franco, no livro 'Sexo e Obsessão', conta uma história para ilustrar essa necessidade de os cônjuges respeitarem a individualidade um do outro quando se busca a plenitude conjugal.

Conta-nos, então, uma lenda que diz o seguinte:

Um jovem casal indígena, que se amava profundamente e desejava contrair núpcias, apresentou-se ao pajé da tribo para receber suas sábias orientações. Estavam radiantes e felizes, e prometiam nunca se separar. Desejavam fundir-se em um só ser.

O sacerdote da tribo concordou em orientá-los; entretanto, solicitou que os jovens executassem uma tarefa antes do casamento. Ao jovem índio foi pedido que trouxesse uma bela águia, e à sua companheira, que encontrasse um falcão. Não seria uma tarefa difícil para eles, pois faziam parte de uma tribo dedicada à criação de aves de rapina, e os índios eram treinados desde criança para esse mister. Saíram e, passados alguns dias, trouxeram as aves, radiantes pelo sucesso da tarefa.

O pajé, com um sorriso enigmático, olhou para eles e perguntou: 'Querem ser felizes para sempre? Querem viver juntos sem jamais se separarem? Então observem.'

Tomou a águia e amarrou uma de suas patas à pata do falcão, ligando assim uma ave à outra. Logo depois, soltou-as para que pudessem voar. Cada uma delas, no entanto, queria tomar um rumo diferente; cada uma queria seguir para uma determinada faixa do céu. As tentativas de voar livremente foram se sucedendo, e quando perceberam que não conseguiriam o intento, começaram a se bicar, ferindo-se mutuamente. O curandeiro libertou-as rapidamente para que não se destruíssem, e as aves, então, sentindo-se livres, voaram felizes, buscando o azul do infinito.

Assim é o casamento. Ele só será harmonioso se os cônjuges forem livres para exercitar suas potencialidades, sem amarras, sem grilhões e sem que um tenha que impor ao outro sua forma de pensar, agir ou sentir. Somente respeitando a individualidade um do outro será possível chegar ao final da jornada com a tarefa cumprida perante as leis divinas.