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segunda-feira, 31 de julho de 2017

ENDIREITAI OS CAMINHO

O apóstolo João, nas primeiras linhas de seu Evangelho, faz referência a outro João, o Batista. João Batista, precursor de Jesus, assumiu a tarefa de anunciar a vinda do Cristo ao mundo e, consequentemente, a chegada de uma nova era: a era Cristã. 

A vinda de Jesus ao mundo foi um acontecimento transcendental e revolucionário, sobretudo do ponto de vista dos sentimentos, pois nunca mais o mundo foi o mesmo. Tanto é assim que a história humana se dividiu entre antes e depois dele.

Por isso, João Batista, na tarefa que lhe foi confiada por Deus e tocado pelas claridades da Nova Era que já se fazia sentir, conclamava as multidões para o exercício da transformação moral. Utilizava a frase que ficou imortalizada nas páginas do Evangelho: "Endireitai os caminhos". 

O convite de João Batista se fazia urgente. A vinda do Cristo ao mundo pedia renovação. Era preciso lapidar os sentimentos e desintoxicar hábitos doentes, gerados pelas larvas mentais nascidas de pensamentos desarmonizados. Era necessário preparar o solo do coração, pois o agricultor divino iria iniciar seu trabalho. 

Então, João Batista era a voz que clamava no deserto das consciências, propondo a renovação da paisagem íntima, tal como ocorre na natureza com as flores que deixam suas folhas envelhecidas no outono para florescerem radiosas na primavera. Jesus, com sua mensagem de amor incondicional, trouxe a primavera. 

Deixou para o mundo um roteiro de felicidade e os instrumentos luminosos para a edificação de um templo de paz e amor na intimidade dos corações. Trata-se de um trabalho individual e desafiador a todos os espíritos na atual encarnação. 

Vive-se, atualmente, na Terra, um período de grande turbulência moral. Nunca foi tão necessária a reforma íntima. O mundo está sedento de paz e amor, que só poderão existir à medida que brotarem nos corações humanos. O mundo é o reflexo de cada criatura nele encarnada, conforme ensina Emmanuel no livro "Pensamento e Vida". Para que o mundo seja melhor, impõe-se o aprimoramento de cada criatura que nele habita. 

Emmanuel, no livro Caminho, Verdade e Vida, esclarece: 

"Para que alguém sinta a influência santificadora do Cristo, é preciso retificar a estrada em que tem vivido. Muitos choram em veredas do crime, lamentam-se nos resvaladouros do erro sistemático, invocam o céu sem o desapego às paixões avassaladoras do campo material. Em tais condições, não é justo dirigir-se a alma ao Salvador, que aceitou a humilhação e a cruz sem queixas de qualquer natureza. Se queres que Jesus venha santificar as tuas atividades, endireita os caminhos da existência, regenera os teus impulsos. Desfaze as sombras que te rodeiam e senti-Lo-ás, ao teu lado, com a sua bênção". 

Ao utilizar o termo "desfazer as sombras", Emmanuel refere-se ao processo de autoconhecimento, uma tarefa árdua que exige disciplina constante, vontade firme e ânimo forte. É uma missão para várias existências, uma vez que não se consegue facilmente se libertar das sombras acumuladas ao longo dos séculos. Todavia, ainda que o primeiro passo não conduza o ser, de imediato, ao destino desejado, é suficiente para afastá-lo do ponto de partida.


terça-feira, 27 de junho de 2017

A PARÁBOLA DO TESOURO ESCONDIDO E DA PÉROLA DE GRANDE VALOR



O Reino dos céus é semelhante a um tesouro oculto no campo, o qual certo homem, tendo-o achado, torna a esconder, e, transbordante de alegria, vai, vende tudo o que tem, e compra aquele campo" Mateus 13:44. O reino dos céus é semelhante ao homem, negociante, que busca boas pérolas; e, encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha, e comprou-a." Mateus 13:45-46.


 As parábolas apontam duas situações. Na primeira, um homem encontra um tesouro por acaso, pois não o procurava. Feliz com o achado, resolve vender tudo o que tem para adquirir aquele campo e, consequentemente, apossar-se do tesouro. 

Na segunda situação, o homem, um negociante de pérolas, está à procura de uma pérola de grande valor e, ao encontrá-la, vende tudo o que possui para adquiri-la. 

Jesus compara o Reino de Deus a um tesouro de valor incalculável, de modo que todos os outros interesses e prioridades escolhidas para a vida perdem completamente o significado diante do brilho desse tesouro. 

Alguns vivem uma experiência semelhante à do primeiro homem, que encontra o tesouro sem estar à procura dele; mas, ao encontrá-lo, transforma-se e dá um novo rumo à sua própria existência. 

É exatamente assim que acontece o despertar da consciência para a conquista dos valores espirituais. Muitos permanecem no mundo com todas as atenções voltadas exclusivamente para atender às necessidades da vida material, até que uma experiência libertadora lhes toque, despertando-os da anestesiante ilusão com que enfrentavam o mundo e apontando-lhes outro rumo. 

Foi assim com o filho pródigo de outra parábola contada por Jesus (Lucas 15:11-32). O moço desperdiçou bens materiais e a própria saúde para se saciar em atividades mundanas inferiores. Sem conseguir a satisfação que buscava, em um determinado momento de sua vida, ele "cai em si" e, ao fazer isso, passa a mobilizar todas as forças de sua alma para retornar à casa do Pai. 

Saulo de Tarso também vivenciou uma experiência libertadora. Sendo a esperança do farisaísmo, jovem, belo, atleta e poliglota, ele viveu uma experiência cósmica com o Cristo às portas de Damasco. Despertando das trevas exteriores e como alguém que encontra um tesouro sem o estar procurando, ele se transforma no Apóstolo Paulo, o "convertido de Damasco", alterando completamente o rumo de sua vida e abandonando tudo o que tinha para investir no tesouro encontrado. 

Foi assim também com Francisco Bernadone, que, ao despertar para os valores da vida espiritual e encontrar o tesouro que não buscava, deixou tudo para ir em busca dessa riqueza interior, transformando-se no Pobrezinho de Assis.

 O mesmo ocorreu com Maria de Magdala, Zaqueu e muitos outros heróis conhecidos, bem como inúmeros anônimos que, todos os dias e sem estar à procura, encontram seu tesouro escondido e dão um novo rumo à própria vida, felizes por terem despertado para os verdadeiros valores da existência. 

Na segunda situação apresentada na parábola, o homem está ciente da existência de uma pérola de grande valor e a busca ativamente até encontrá-la.

Assim como muitos de nós que já conhecemos o valor do Evangelho do Cristo, mas ainda resistimos a vivencia-lo. 

A proposta expressa na parábola é clara. Para cultivar virtudes e sentimentos nobres na intimidade do coração, é necessária uma tomada de atitude que implique em deixar de lado tudo o que até então era valorizado, direcionando as energias psíquicas para o aprimoramento moral. 

Cada um sabe o que valoriza na vida e para qual direção suas atenções se voltam. Se você não sabe, basta se autoobservar por um dia e logo notará que as forças da alm são mobilizadas para atender a caprichos, ociosidades, futilidades, vaidades, animosidades, feridas emocionais, orgulho, desejo de vingança, e vícios físicos e mentais, entre outros. A proposta da parábola é abandonar todas essas "riquezas" superficiais para cultivar o verdadeiro tesouro que reside dentro de nós. 

O cultivo do tesouro interno passa pela reforma íntima. A questão 919 do Livro dos Espíritos, neste sentido, é esclarecedora, apontando o autoconhecimento como medida prática para se conquistar a paz íntima. 

Jesus fez o convite e a doutrina espírita apontou um caminho, mas somente o esforço pessoal poderá operar a edificação moral, legítima e definitiva em cada um. 

Portanto, "esqueçamos o desperdício de energia, os caprichos da infância espiritual e cresçamos para ser, com o Pai, os tutores de nós mesmos". (Emmanuel, Vinha de Luz)