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quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

PARÁBOLA DA SEMENTE QUE CRESCE EM SEGREDO

 

O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a semente sobre a terra. Quer ele esteja acordado, quer ele esteja dormindo, ela brota e cresce, sem ele saber como isso acontece. É a própria terra que dá o seu fruto: primeiro aparece a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga. Quando as espigas ficam maduras, o homem começa a cortá-las com a foice, pois chegou a hora da colheita. (Marcos 4::26–29)

Nesta parábola, Jesus compara o Reino de Deus a uma semente que cresce em segredo. Uma vez semeada, ela se desenvolve independentemente de o semeador estar acordado ou dormindoNo Reino de Deus, que abrange todo o universo infinito, sementes são lançadas à terra pelo cultivador divino e se desenvolvem sem qualquer chance de fracassar. No mundo material, contudo, nem todas as sementes lançadas pelo agricultor germinarão.

Por meio desta parábola, Jesus elucida uma lei divina; a lei da evolução.  Esta determina que, uma vez criado o espírito, simples e ignorante, está destinado a perfeição, sem qualquer chance de retrocesso.

Esta verdade, enfatizada por Jesus, foi corroborada pelos espíritos responsáveis pela codificação espírita. Conforme evidenciado na resposta à pergunta 118 do 'Livro dos Espíritos', eles afirmam que, uma vez criado, o espírito simples e ignorante tem sua trajetória definida sempre em direção ao progresso e elevação, sem qualquer possibilidade de regresso.

118 - Os Espíritos podem se degenerar?

Não; à medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito acaba uma prova, fica com o conhecimento que adquiriu e não o esquece mais. Pode ficar estacionário, mas retroceder, não retrocede.

Por essa razão, a semente cresce e se desenvolve além da compreensão do semeador. Isso ocorre porque, uma vez criado, o espírito nunca morre; ao invés disso, ele é lançado às experiências existenciais[1] e continuará a evoluir, mesmo que não tenha consciência de sua própria trajetória evolutiva sob a tutela de Deus.

A figura do homem na parábola simboliza o espírito em seu trajeto evolutivo. A semente lançada ao solo é uma metáfora para o potencial divino intrínseco a cada ser. Assim como a minúscula semente contém em seu interior o potencial para se tornar uma árvore ou planta, o espírito carrega consigo as potencialidades divinas que gradualmente se revelarão à medida que ele evolui.

Aprofundando-se nos ensinamentos transmitidos pela parábola, percebe-se que o espírito, criado à imagem e semelhança de Deus, caminhará em direção a Ele, cumprindo o propósito para o qual foi criado – orbitar ao redor de Deus. Isso ocorre independentemente de seu estado de consciência, seja ele desperto ou adormecido, fenômeno que se manifesta tanto de dia quanto de noite.

Na parábola, o verbo 'dormir' carrega um significado espiritual, não se referindo a um estado fisiológico, mas a um estado de sono psíquico. Da mesma forma, 'desperto' alude a um estado de consciência alerta.

Esses estados de consciência são mencionados diversas vezes no Evangelho de Jesus. Um exemplo é a passagem em Mateus 8:22, que diz "deixe os mortos enterrar seus mortos". Essa frase só pode ser compreendida considerando-se que Jesus se referia a estados psíquicos, e não fisiológicos."

No livro 'O Ser Consciente', o espírito Joana de Angelis detalha minuciosamente esses estados de consciência aos quais Jesus se referia.

Deve-se considerar que muitas pessoas encarnadas se encontram em um profundo estado de sono espiritual. Estas são aquelas que nascem e reencarnam repetidamente com a consciência insensível aos valores espirituais. Por não compreenderem que as vivências são lições valiosas para seu amadurecimento espiritual, enfrentam suas experiências evolutivas com grande sofrimento. Assim, sem essa compreensão, sofrem, adoecem e se tornam infelizes.

Assim, esse ser, em estado de consciência adormecida, não compreende por que adoece e se revolta contra Deus. Não entende por que a vida colocou em seu lar pessoas desafiadoras e, muitas vezes, acaba por abandoná-las. Não consegue discernir por que seus sonhos não se concretizam, tampouco por que é vítima de violência ou foi abandonado por quem ama, entre outras adversidades.

Sem entender as experiências da vida, o ser humano passa por inúmeras existências físicas, acumulando ressentimentos, desafios, sofrimento e dor. Contudo, mesmo assim, evolui, muitas vezes de maneira inconsciente, pois mesmo em um estado de consciência adormecida, segue avançando. As experiências árduas e dolorosas da vida possuem justamente esse propósito: romper a casca que protege a essência divina presente em cada ser.

Neste estado, o trajeto evolutivo pode se estender por milênios. Contudo, esse percurso pode ser abreviado assim que o ser desperta para sua natureza espiritual e toma consciência de sua jornada em direção ao Pai.

A pergunta e resposta 169, do Livro dos Espíritos, é esclarecedora neste sentido:

169 - O número de encarnações é o mesmo para todos os Espíritos?

R. – Não; aquele que caminha rápido se poupa das provas.

A questão que nos surge é como caminhar mais rápido?

A resposta a esta pergunta é a grande mensagem que Jesus nos deixa na parábola.

A semente realiza parte de seu desenvolvimento no interior da terra, rompe a casca que a envolve na escuridão do solo, e, como diz Emmanuel, em Fonte Viva, cap. 171,  para isso sofre a ação dos detritos da terra, afronta a lama, o frio, a resistência do chão, mas somente quando rompe todos os obstáculos passa a se orientar para cima, na direção do Sol. E a partir daí nascem-lhe as folhagens e depois os frutos.

A imagem do ser em um estado de consciência adormecida é análoga ao desenvolvimento da semente sob a terra. Na parábola, isso é representado pela semente que cresce durante a noite, enquanto o homem está adormecido.

Por outro lado, a imagem da semente que cresce durante o dia, enquanto o homem está acordado, faz uma analogia à segunda etapa do desenvolvimento da semente. Nesta fase, ela se liberta da casca protetora, rompe o solo e se volta em direção ao Sol. Isso representa o estado de consciência desperta.

Caminhar desperto significa orientar-se pelo grandioso Sol que ilumina a humanidade: Jesus. É compreender a finalidade das adversidades, como a doença, aceitando-as com gratidão e buscando aprender a partir da experiência. Significa amar e compreender aqueles que caminham ao nosso lado, seja no lar, no trabalho ou em qualquer ambiente de aprendizado e serviço. Devemos reconhecer que, em um planeta de provas e expiações, o mal ainda prevalece. Por isso, a violência pode surgir como uma visita inesperada, servindo como uma lição valiosa ou uma oportunidade de exercitar virtudes, conforme exemplificado por Jesus.

O ser que desperta reencarna e valoriza todas as experiências que a vida oferece. Ao enfrentar adversidades, busca extrair aprendizados, sem desfalecer diante das provas mais árduas. Ele tem a plena consciência de sua jornada em direção a Deus. Com tal entendimento, sua trajetória evolutiva torna-se mais ágil e plenamente mais feliz.

Para concluir a parábola, Jesus enfatiza que é a terra que produz seus frutos: primeiro surge a folha, em seguida a espiga e, finalmente, o grão que preenche essa espiga. Quando o fruto atinge sua maturidade, chega o momento da colheita.

É este o destino da humanidade: evoluir gradualmente até atingir a essência do Cristo, a máxima expressão do amor. A capacidade de doação desinteressada é a mais nobre manifestação desse amor. Ao vivenciar genuinamente o amor por si mesmo, pelo próximo e por Deus, o ser torna-se semelhante à espiga repleta de grãos, pronta para ser colhida e saciar a fome alheia.

Somente ao elevar-se a Deus, através do amor incondicional por todos, é que o ser humano se torna instrumento de Jesus, o Pão da Vida. Assim, ele passa não apenas a saciar sua própria fome espiritual, mas também a auxiliar o próximo a fazer o mesmo. Esse, afinal, é o objetivo maior da vida: produzir frutos em abundância.

O Reino de Deus é semelhante a um homem que lança a semente sobre a terra.  Quer ele esteja acordado, quer ele esteja dormindo, ela brota e cresce, sem ele saber como isso acontece. É a própria terra que dá o seu fruto: primeiro aparece a planta, depois a espiga, e, mais tarde, os grãos que enchem a espiga. Quando as espigas ficam maduras, o homem começa a cortá-las com a foice, pois chegou a hora da colheita.


Nesta parábola, Jesus compara o Reino de Deus a uma semente que cresce em segredo. Uma vez semeada, ela se desenvolve independentemente de o semeador estar acordado ou dormindo.

No Reino de Deus, que abrange todo o universo infinito, sementes são lançadas à terra pelo cultivador divino e se desenvolvem sem qualquer chance de fracassar. No mundo material, contudo, nem todas as sementes lançadas pelo agricultor germinarão.

Por meio desta parábola, Jesus elucida uma lei divina; a lei da evolução.  Esta determina que, uma vez criado o espírito, simples e ignorante, está destinado a perfeição, sem qualquer chance de retrocesso.

Esta verdade, enfatizada por Jesus, foi corroborada pelos espíritos responsáveis pela codificação espírita. Conforme evidenciado na resposta à pergunta 118 do 'Livro dos Espíritos', eles afirmam que, uma vez criado, o espírito simples e ignorante tem sua trajetória definida sempre em direção ao progresso e elevação, sem qualquer possibilidade de regresso.

118 - Os Espíritos podem se degenerar?

Não; à medida que avançam, compreendem o que os afasta da perfeição. Quando o Espírito acaba uma prova, fica com o conhecimento que adquiriu e não o esquece mais. Pode ficar estacionário, mas retroceder, não retrocede.

Por essa razão, a semente cresce e se desenvolve além da compreensão do semeador. Isso ocorre porque, uma vez criado, o espírito nunca morre; ao invés disso, ele é lançado às experiências existenciais[1] e continuará a evoluir, mesmo que não tenha consciência de sua própria trajetória evolutiva sob a tutela de Deus.

A figura do homem na parábola simboliza o espírito em seu trajeto evolutivo. A semente lançada ao solo é uma metáfora para o potencial divino intrínseco a cada ser. Assim como a minúscula semente contém em seu interior o potencial para se tornar uma árvore ou planta, o espírito carrega consigo as potencialidades divinas que gradualmente se revelarão à medida que ele evolui.

Aprofundando-se nos ensinamentos transmitidos pela parábola, percebe-se que o espírito, criado à imagem e semelhança de Deus, caminhará em direção a Ele, cumprindo o propósito para o qual foi criado – orbitar ao redor de Deus. Isso ocorre independentemente de seu estado de consciência, seja ele desperto ou adormecido, fenômeno que se manifesta tanto de dia quanto de noite.

Na parábola, o verbo 'dormir' carrega um significado espiritual, não se referindo a um estado fisiológico, mas a um estado de sono psíquico. Da mesma forma, 'desperto' alude a um estado de consciência alerta.

Esses estados de consciência são mencionados diversas vezes no Evangelho de Jesus. Um exemplo é a passagem em Mateus 8:22, que diz "deixe os mortos enterrar seus mortos". Essa frase só pode ser compreendida considerando-se que Jesus se referia a estados psíquicos, e não fisiológicos."

No livro 'O Ser Consciente', o espírito Joana de Angelis detalha minuciosamente esses estados de consciência aos quais Jesus se referia.

Deve-se considerar que muitas pessoas encarnadas se encontram em um profundo estado de sono espiritual. Estas são aquelas que nascem e reencarnam repetidamente com a consciência insensível aos valores espirituais. Por não compreenderem que as vivências são lições valiosas para seu amadurecimento espiritual, enfrentam suas experiências evolutivas com grande sofrimento. Assim, sem essa compreensão, sofrem, adoecem e se tornam infelizes.

Assim, esse ser, em estado de consciência adormecida, não compreende por que adoece e se revolta contra Deus. Não entende por que a vida colocou em seu lar pessoas desafiadoras e, muitas vezes, acaba por abandoná-las. Não consegue discernir por que seus sonhos não se concretizam, tampouco por que é vítima de violência ou foi abandonado por quem ama, entre outras adversidades.

Sem entender as experiências da vida, o ser humano passa por inúmeras existências físicas, acumulando ressentimentos, desafios, sofrimento e dor. Contudo, mesmo assim, evolui, muitas vezes de maneira inconsciente, pois mesmo em um estado de consciência adormecida, segue avançando. As experiências árduas e dolorosas da vida possuem justamente esse propósito: romper a casca que protege a essência divina presente em cada ser.

Neste estado, o trajeto evolutivo pode se estender por milênios. Contudo, esse percurso pode ser abreviado assim que o ser desperta para sua natureza espiritual e toma consciência de sua jornada em direção ao Pai.

A pergunta e resposta 169, do Livro dos Espíritos, é esclarecedora neste sentido:

169 - O número de encarnações é o mesmo para todos os Espíritos?

R. – Não; aquele que caminha rápido se poupa das provas.

A questão que nos surge é como caminhar mais rápido?

A resposta a esta pergunta é a grande mensagem que Jesus nos deixa na parábola.

A semente realiza parte de seu desenvolvimento no interior da terra, rompe a casca que a envolve na escuridão do solo, e, como diz Emmanuel, em Fonte Viva, cap. 171,  para isso sofre a ação dos detritos da terra, afronta a lama, o frio, a resistência do chão, mas somente quando rompe todos os obstáculos passa a se orientar para cima, na direção do Sol. E a partir daí nascem-lhe as folhagens e depois os frutos.

A imagem do ser em um estado de consciência adormecida é análoga ao desenvolvimento da semente sob a terra. Na parábola, isso é representado pela semente que cresce durante a noite, enquanto o homem está adormecido.

Por outro lado, a imagem da semente que cresce durante o dia, enquanto o homem está acordado, faz uma analogia à segunda etapa do desenvolvimento da semente. Nesta fase, ela se liberta da casca protetora, rompe o solo e se volta em direção ao Sol. Isso representa o estado de consciência desperta.

Caminhar desperto significa orientar-se pelo grandioso Sol que ilumina a humanidade: Jesus. É compreender a finalidade das adversidades, como a doença, aceitando-as com gratidão e buscando aprender a partir da experiência. Significa amar e compreender aqueles que caminham ao nosso lado, seja no lar, no trabalho ou em qualquer ambiente de aprendizado e serviço. Devemos reconhecer que, em um planeta de provas e expiações, o mal ainda prevalece. Por isso, a violência pode surgir como uma visita inesperada, servindo como uma lição valiosa ou uma oportunidade de exercitar virtudes, conforme exemplificado por Jesus.

O ser que desperta reencarna e valoriza todas as experiências que a vida oferece. Ao enfrentar adversidades, busca extrair aprendizados, sem desfalecer diante das provas mais árduas. Ele tem a plena consciência de sua jornada em direção a Deus. Com tal entendimento, sua trajetória evolutiva torna-se mais ágil e plenamente mais feliz.

Para concluir a parábola, Jesus enfatiza que é a terra que produz seus frutos: primeiro surge a folha, em seguida a espiga e, finalmente, o grão que preenche essa espiga. Quando o fruto atinge sua maturidade, chega o momento da colheita.

É este o destino da humanidade: evoluir gradualmente até atingir a essência do Cristo, a máxima expressão do amor. A capacidade de doação desinteressada é a mais nobre manifestação desse amor. Ao vivenciar genuinamente o amor por si mesmo, pelo próximo e por Deus, o ser torna-se semelhante à espiga repleta de grãos, pronta para ser colhida e saciar a fome alheia.

Somente ao elevar-se a Deus, através do amor incondicional por todos, é que o ser humano se torna instrumento de Jesus, o Pão da Vida. Assim, ele passa não apenas a saciar sua própria fome espiritual, mas também a auxiliar o próximo a fazer o mesmo. Esse, afinal, é o objetivo maior da vida: produzir frutos em abundância.


[1] Ver questão 132 e 167 do Livro dos Espíritos



domingo, 5 de março de 2017

JESUS E JUDAS


Reunido com os discípulos durante a última ceia, Jesus anunciou que seria traído ainda naquela noite por um dos presentes à mesa. O clima de despedida que permeava o banquete foi abruptamente interrompido, dando lugar a uma desconfiança mútua entre os discípulos sobre quem seria o "traidor".

Diante do impacto causado por sua revelação, o Mestre optou por ser indireto e afirmou que o traidor seria aquele a quem ele oferecesse um pedaço de pão. O Evangelho de João, no capítulo 13, versículos 26 e 27, relata que Jesus entregou o pão a Judas, dizendo: "O que tens para fazer, faze-o logo". Judas, após comer o pão oferecido por Jesus, levantou-se e saiu.

A frase é intrigante e tem gerado diversas especulações entre os estudiosos do Evangelho. O que Jesus quis dizer a Judas ao instruí-lo a agir rapidamente? Naquela mesma noite, poucas horas após a ceia, Jesus seria preso. Ele estava ciente de tudo que estava sendo tramado às suas costas, graças às suas habilidades anímicas, incluindo a clarividência. Ele sabia do envolvimento de Judas com Caifás. Então, por que pediu que Judas agisse depressa?

Muitas questões surgem a partir do texto. Jesus estaria incentivando Judas à traição? Judas reencarnou apenas para trair Jesus e passar milênios sendo odiado pela humanidade? E quanto à lei do livre-arbítrio e à responsabilidade de Judas perante a lei divina? Afinal, após trair Jesus, Judas se suicidou.

Para uma compreensão espiritual e profunda do texto, é imprescindível transcender a leitura superficial. Sabendo que seu tempo na Terra estava chegando ao fim, Jesus tentou despertar Judas para os aspectos sombrios de seu inconsciente. Era uma estratégia terapêutica, visando levar o discípulo a se autoexaminar e confrontar sua própria "sombra".

A "sombra" é um termo que define os aspectos negativos do inconsciente, as imperfeições morais ainda desconhecidas pelo indivíduo, mas armazenadas em seu interior. Para a evolução consciente é crucial integrar e harmonizar os aspectos sombrios do próprio ser.

Judas, como muitos seres humanos, estava preso às suas imperfeições morais. Sua sombra mais densa ocultava uma paixão indomável pelo poder material e efêmero. Embora todos os outros discípulos também tivessem imperfeições a superar, as falhas morais de Judas o levaram a cometer um grave erro contra si mesmo: o suicídio.

O que Judas tinha a fazer? Para que ele nasceu? Ele viveu ao lado de Jesus durante todo o seu ministério, recebendo ensinamentos que edificam a alma. Aquele momento final era crucial para Judas; era a hora de enfrentar seus demônios internos e vencer a si mesmo. Se tivesse optado por seguir os ensinamentos de Cristo, teria cumprido sua missão. No entanto, escolheu o caminho do sofrimento.

"O que tens para fazer, faze-o logo." 

Há uma frase popular que diz que os dias mais importantes de nossas vidas são dois: o dia em que você nasceu e o dia em você que descobre para que nasceu. Os espíritas sabem que nasceram para evoluir moral e espiritualmente, mas essa evolução exige a superação das imperfeições morais. E Jesus nos insta a agir rapidamente naquilo para o qual viemos ao mundo.

O momento presente é o melhor de todos, pois se não aproveitado, a oportunidade e a encarnação passam, como um rio que flui e não retorna. 

Chico Xavier frequentemente nos advertiu que, segundo os espíritos, um dos dilemas mais angustiantes enfrentados ao adentrar o mundo espiritual é a dolorosa consciência do tempo desperdiçado em vida.

Pensemos nisso! Afinal, a oportunidade de crescimento e transformação está sempre ao nosso alcance, mas é nossa responsabilidade agarrá-la antes que o tempo se esgote.

terça-feira, 26 de maio de 2015

JESUS E A MULHER SAMARITANA


O Evangelho de João 4, 5-15 narra o encontro de Jesus com uma mulher Samaritana na cidade de Sicar, na região da Samaria, cujo diálogo está repleto de conteúdos espirituais. Ao chegar na cidade da Samaria, chamada Sicar, Jesus, cansado da longa caminhada vinda de Jerusalém rumo a Galileia, se senta à beira do poço de Jacó para descansar, por volta do meio-dia.

Este quadro é simbólico. A imagem de Jesus, detentor de toda a sabedoria, sentado à beira de um poço, representa a ideia de um mestre à disposição de quem se propõe a aprender com Ele. A mulher que vai ao poço buscar água expressa o movimento do ser humano que, cansado das superficialidades da vida, procura um sentido mais profundo para a própria existência. A fonte, ou o poço, adquire uma simbologia que aponta para o conhecimento. E, é por isso, que a mulher que vai à fonte para saciar sua sede é convidada por Jesus a despertar para o amor próprio.

Ao se aproximar do poço com um jarro em suas mãos para colher a água, Jesus surpreende a mulher, dizendo-lhe: 'Dá-me de beber.' A mulher, surpresa, responde ao Mestre: 'Como sendo tu judeu, me pedes de beber, a mim, que sou mulher samaritana?' (Porque os judeus não se comunicam com os samaritanos).

A proposta de Jesus - 'Dá-me de beber' – é um convite. O Mestre a convida a estabelecer um relacionamento com Ele para iniciar seu aprendizado da Verdade. Mas ela, num primeiro momento, ao invés de estar receptiva ao convite, não O entende, pois embora estivesse pronta para o despertamento, ainda se prendia às questões superficiais da vida.

Jesus propõe à mulher uma comunhão, mas ela permanece ligada às questões culturais de seu tempo e de seu povo, focada nas aparências preconceituosas. Esse é exatamente o perfil da superficialidade.

A mulher Samaritana queria permanecer nas discussões estéreis da superficialidade, por isso questiona: 'Como, sendo tu judeu, me pedes de beber a mim, que sou mulher samaritana?' O que importava para ela era a rixa entre os povos e não o convite de Jesus. Ela resiste a ter intimidade com Ele. Apesar de sua necessidade, ela reluta em aceitar o convite ao aprendizado.

No nosso plano, somos constantemente convidados por Deus a assumirmos as rédeas do processo evolutivo, trabalhando pelo próprio aprimoramento moral. No entanto, muitos preferem permanecer no plano da superficialidade.

A mulher, estranhando o pedido de Jesus, responde a Ele que os Judeus não deveriam falar com Samaritanos. Jesus então lhe disse: 'Se tu soubesses quem Sou, era tu que me pedirias água, e a água viva que eu te desse, tu jamais padecerias sede.'

Ao oferecer água viva à mulher, Jesus reforça a Sua condição de Mestre, convidando-a mais uma vez à comunhão com Ele.

A mulher, por sua vez, responde: 'Senhor, tu não tens com que a tirar, e o poço é fundo; onde, pois, conseguirá a água viva?

Sabe-se que água viva é a água mais pura e cristalina que permanece no fundo de qualquer poço. Quando o Mestre oferece água viva, Ele está propondo um mergulho interior, com o propósito do autoconhecimento. Isto porque, conforme ensina o Livro dos Espíritos, nas questões 919 e 919ª, o autoconhecimento é ferramenta eficaz de evolução. 

O autoconhecimento permite que se cuide das próprias feridas, sem ocultá-las de si mesmo. Durante o processo, é possível reconhecer os acertos e os erros praticados na vida, compreendendo que se os acertos impulsionam o ser para frente, os erros também o fazem quando o ser se compromete a refletir sobre seus atos, com o fim de aprender e repará-los. 

O aprendiz da Vida não estaciona na superficialidade, mas aprofunda-se dentro de si. Em vez de se entristecer com as limitações que encontra, regozija-se com isso, e, notando uma ferida interna, ao invés de disfarçá-la com uma pomada anestesiante, recorre ao unguento do amor para curá-la.

Ao ouvir a proposta de Jesus de que Ele poderia lhe dar água viva, a mulher questionou se Ele era maior do que Jacó, que havia dado àquele povo o poço de onde eles tiravam água.

Jesus, porém, sem dizer se era ou não maior que Jacó, respondeu à mulher que qualquer um que bebesse da água do poço de Jacó voltaria a ter sede, mas aquele que bebesse da água que Ele dava jamais padeceria sede, porque a água dada por Jesus se tornaria uma fonte jorrando para a vida eterna.

A expressão "água viva que sacia a sede" corresponde à frase dita por Cristo em João 8:32: "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará." O espírito, livre de suas amarras internas, está pronto para o exercício do amor e do amor próprio.

A mulher, então, lhe pediu: "Senhor, dá-me dessa água para que eu não tenha mais sede e não precise mais vir até esse poço para tirá-la.

A samaritana ainda resistia ao aprendizado com Jesus ao confundir a "água viva" com a água do poço. Jesus estava falando com ela sobre a sede do espírito, não a sede do corpo. A tentativa de aplacar a sede da alma com coisas materiais é um movimento ilusório do ser equivocado, porque, em vez de saciar-se, encontrará-se ainda mais sedento.

Jesus, com o objetivo de despertá-la, ordenou: "Vai, chama o teu marido e volta aqui." A mulher, espantada, respondeu: "Não tenho marido." Jesus lhe disse: "Falaste a verdade. De fato, não tens marido, porque já tiveste cinco maridos, e o homem com quem estás agora não é teu marido; nisso falaste com sinceridade."

Apesar de a samaritana ter tido relacionamentos conjugais por seis vezes, ainda estava sedenta de amor, cheia de carências e em busca de plenitude. Ela procurava o amor e a realização no outro, e, por isso, já estava no sexto relacionamento sem se sentir amada. O amor é uma fonte que jorra na alma de quem ama. A necessidade de ser amado, querido e protegido é uma dependência psicológica que resulta da imaturidade. Quanto mais maduro o indivíduo, mais independente se torna.

O convite de Jesus aponta para a busca da plenitude sem depender de outros seres, pois, por mais que nos amem, eles não podem nos dar o autoamor, que é a verdadeira fonte da água viva.

Ao dizer a ela: "De fato, não tens marido, porque tiveste cinco maridos, e o homem que agora está contigo também não é teu marido; isto disseste com verdade", Jesus procurava levá-la a entrar em contato com a verdade dentro de si, reconhecendo o padrão de superficialidade em que vivia.

Caindo em si, a samaritana despertou: "Senhor, vejo que és um profeta." A partir desse momento, ela percebeu a superioridade de Jesus e aprofundou a conversa, questionando-O sobre o grande dilema que separava judeus e samaritanos: onde adorar a Deus? Os samaritanos adoravam a Deus no monte Garazin, enquanto os judeus o faziam no templo em Jerusalém.

Jesus respondeu que em nenhum lugar externo encontraríamos Deus para adorá-Lo, porque Deus é Espírito e deve ser adorado em Espírito e Verdade. Isso só seria possível quando o ser humano conseguisse libertar-se dos processos externos, superar a superficialidade e se dispusesse a evoluir na vertical da vida.

A mulher deixou seu cântaro e correu à cidade, chamando as pessoas para banquetear-se com Jesus.

A imagem do cântaro é, de fato, significativa. Como um recipiente para água, ele simboliza a busca pelo amor e pela satisfação nos outros, na materialidade e nas crenças religiosas. No entanto, ao deixar cair o cântaro, a samaritana se liberta de qualquer dependência material, afetiva ou religiosa. Ela compreende que a felicidade e a plenitude podem ser alcançadas dentro de si mesma, por meio da transformação interior. Ela se torna a própria fonte de amor e autoestima. Ao amar a si mesma, ela se torna capaz de compartilhar esse amor com os outros e convida outras pessoas a buscar sua identidade com Jesus.