segunda-feira, 30 de abril de 2012

Adoção na visão espírita














O Espiritismo entende a adoção como uma das mais belas vivências da alma na Terra. Dar a uma criança a oportunidade de viver em um lar estruturado, com chances de crescer através de uma convivência carinhosa com pais e irmãos, é abrir caminhos novos e altamente positivos para a redenção espiritual.

É uma das formas de resgatar, com base no amor, antigos vínculos do passado e substituir velhas matrizes de ódio e vingança por novas bases de perdão, ternura e companheirismo. Quando o “novo filho” é também um dos filhos da guerra, não só das que utilizam armas, mas igualmente das que se travam nas favelas da miséria sócio econômica de qualquer cidade, os pais ganham valiosos reforços em suas lutas particulares de crescimento espiritual.

Não só marcantes conquistas no campo da afetividade são realizadas, mas também novos amigos espirituais se apresentam para partilhar com a família suas lutas em busca da ascese íntima: os inimigos do passado, que não resistem à mudança de seus devedores, e os benfeitores espirituais dos “adotados”, que estão, por si, lutando para a melhora definitiva de seus queridos do coração.

 Os laços com os rebentos de sangue e os do coração passam a ser um só. Emmanuel afirma que o filho, sendo a materialização dos sonhos dos pais, é também a obra deles na Terra. Daí a necessidade de recebê-lo como quem encontra a oportunidade mais santa de trabalho no mundo.

Reforçando a atitude de quem resolveu acalentar nos braços os filhos de outras mães como se fossem seus, a recomendação do Espírito Meimei é de notável beleza, quando relembra que, se os nossos pequeninos trazem nas feições a perfeição dos astros, somos incessantemente chamados a estender mãos compassivas aos enfermos que chegam à Terra como lírios contundidos pelo granizo do sofrimento. Esses não são apenas os doentes do corpo ou da mente, mas também aqueles que se tornaram machucados da emoção, por causa do abandono de pais inscientes de suas responsabilidades.

Segundo Meimei, “são aves cegas que não conhecem o próprio ninho, pássaros mutilados esmolando socorro em recantos sombrios da floresta do mundo!...”

Como que enviando uma mensagem amorosa aos corações dos pais, que estão vivendo a experiência da adoção, ela escreve ainda que esses outros “são nossos outros filhos do coração, que volvem das existências passadas, mendigando entendimento e carinho, a fim de que se desfaçam dos débitos contraídos consigo mesmos...”.

Enquanto escrevemos estas páginas, imaginamos o que o conhecimento da realidade espiritual sob a lente do Espiritismo poderia fazer, em termos de renovação de ânimo e de coragem, no íntimo de tantos pais desesperançados.

De imediato, chega-nos ao coração a vontade de orar por eles, pedindo-lhes que, por enquanto, não aguardem dos filhos que vieram de um mundo familiar dilacerado respostas imediatas de reconhecimento emocional. No desejo de confortá-los, repetimos as expressões de Meimei, quando afirma que “cada vez que lhes ofertes a hora de assistência ou a migalha de serviço, o leito agasalhante ou a lata de leite, a peça de roupa ou a carícia do talco, perceberás que o júbilo do Bem Eterno te envolve a alma no perfume da gratidão e na melodia da bênção”.

Artigo publicado na Revista Reformador do mês de dezembro de 2007, da Federação Espírita Brasileira.



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