quarta-feira, 29 de abril de 2015

AMOR AO PRÓXIMO


O Evangelho segundo Mateus, capítulo XXII, versículos 34-40, relata que, certa vez, um doutor da lei, no meio da multidão, questionou Jesus: "Mestre, qual é o maior mandamento da lei?"

Em resposta, Jesus lhe disse: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento; este é o primeiro mandamento. E o segundo, semelhante a este, é amarás ao teu próximo como a ti mesmo." Jesus concluiu afirmando que esses dois mandamentos englobam toda a lei.

De fato, toda a doutrina de Jesus está fundamentada no amor. No entanto, parece-nos improvável que alguém possa amar a Deus sem antes amar o seu próximo como a si mesmo.

O amor é o único caminho que possibilita a verdadeira felicidade, pois representa a maior conquista do espírito. Nenhum outro valor espiritual terá importância se o amor por si mesmo e pelo próximo não habitar em nossos corações.

O apóstolo Paulo, em sua primeira carta aos Coríntios, foi enfático a esse respeito:

 Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o címbalo que retine. E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria. E ainda que distribuísse todos os meus bens para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria. O amor não é invejoso, não busca os seus próprios interesses, não se irrita, não suspeita mal. O amor tudo supera, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba.

Jesus nos apresentou uma fórmula muito simples sobre como amar o próximo: fazer a ele tudo aquilo que desejamos para nós mesmos. No entanto, a inferioridade moral que caracteriza os seres humanos muitas vezes influencia as relações com o próximo de maneira diferente, levando-nos a exigir muito dos outros ou a dar somente na medida em que recebemos.

O amor exemplificado por Jesus se traduz em doação total, sem a expectativa de qualquer retorno. Esta lição pode parecer dura no início, mas se torna mais fluida quando exercitada.

Para ilustrar essa ideia, uma lenda chinesa conta a história de uma jovem chamada Lin, que se casou e foi viver com seu marido na casa da sogra. Com o tempo, Lin percebeu que não se adaptava à mãe de seu esposo. Seus temperamentos eram muito diferentes, e a jovem ficava irritada com muitos dos hábitos e costumes da sogra, criticando-os cada vez mais frequentemente.

Com o passar dos meses, as coisas foram piorando gradualmente a ponto de a convivência naquela casa se tornar insuportável. No entanto, de acordo com as antigas tradições da cultura chinesa, a nora tinha o dever de servir a sogra e obedecer a ela em tudo.

Diante dessa situação, a jovem Lin, incapaz de suportar a ideia de continuar vivendo com aquela mulher, tomou a decisão de consultar em segredo um Mestre, que era um velho amigo de seu pai. Após ouvir a jovem, o Mestre Huang pegou um ramalhete de ervas medicinais e disse a ela:

"Para se livrar de sua sogra, você não deve usar estas ervas de uma única vez, pois isso poderia causar suspeitas. Em vez disso, misture-as com a comida aos poucos, dia após dia, para que ela seja envenenada lentamente. E para ter certeza de que, quando ela morrer, ninguém suspeitará de você, deverá tratá-la sempre com amizade. Evite discussões e ajude-a a resolver seus problemas."

No entanto, é importante notar que esta história não promove ou incentiva ações prejudiciais a outras pessoas. Ela serve apenas como uma ilustração de uma situação difícil e como um exemplo de como a compaixão e a paciência podem ser alternativas mais positivas para resolver conflitos familiares.

A história de Lin continua, mostrando que ela ficou muito contente e voltou entusiasmada com o projeto de melhorar seu relacionamento com a sogra, não de assassiná-la. Durante várias semanas, Lin serviu uma refeição especial à sogra, alternando os dias. Ela sempre tinha em mente a recomendação do Mestre Huang de evitar suspeitas, controlando seu temperamento, obedecendo à sogra em tudo e tratando-a como se fosse sua própria mãe.

Com o passar de seis meses, a família inteira passou por uma transformação notável. Lin aprendeu a controlar seu temperamento e raramente se irritava. Durante esse período, ela não teve uma única discussão com a sogra, que também se tornou muito mais amável. As atitudes da sogra mudaram a ponto de ambas começarem a se tratar como mãe e filha. Esta história destaca como a compreensão, a paciência e a empatia podem transformar relacionamentos conflituosos em laços familiares mais fortes.

Nesse dia, Lin procurou o Mestre Huang para pedir ajuda:

"Mestre, por favor, ajude-me a evitar que o veneno que estou dando à minha sogra a mate. Ela se tornou uma mulher tão agradável, e agora gosto dela como se fosse minha mãe. Não quero que ela morra por causa do veneno que tenho dado."

Mestre Huang sorriu e balançou a cabeça:

"Lin, não se preocupe. Sua sogra não mudou. Quem mudou foi você. As ervas que lhe dei são vitaminas para melhorar a saúde. O veneno estava em suas atitudes, mas foi gradualmente substituído pelo amor e carinho que você começou a dedicar a ela."

Essa história ilustra como o amor, assim como todas as outras virtudes da alma, se desenvolve por meio do autoconhecimento e da prática constante. Mostra que a mudança positiva nas relações e a transformação pessoal podem ser alcançadas através do cuidado, compreensão e empatia em vez de atitudes prejudiciais.

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