A CANDEIA DEBAIXO DO ALQUEIRE
Na parábola da Candeia, Jesus encoraja cada indivíduo a ser o arquiteto de sua própria evolução espiritual, enfatizando a importância da autotransformação moral. Este ensinamento convida-nos a refletir profundamente sobre nossa trajetória e responsabilidades, destacando que, em nossas mãos, está a capacidade de moldar nosso caráter e destino através da introspecção e do compromisso moral.
Ninguém, acendendo uma candeia, a cobre com um vaso, ou a coloca debaixo de um leito, mas coloca-a sobre o candeeiro para que os que entram vejam a luz. Porque não há algo escondido que não se torne manifesto, nem oculto que não venha a ser conhecido e manifesto. Vede, pois, como ouvis; pois quem tiver, a ele será dado, e quem não tiver, até o que parece ter será tirado dele.
Lucas 8, 18 a 18Análise do Primeiro Versículo
Candeia era um instrumento essencial de iluminação durante a época de Jesus, alimentada por óleo e comumente encontrada em todas as residências. Era tradicionalmente posicionada em lugares elevados dentro das casas, a fim de garantir uma iluminação uniforme e eficiente no ambiente.
Jesus utiliza essa simbologia para nos convidar a direcionar a luz de nossa consciência para o nosso mundo íntimo, explorando a inconsciência onde se acumulam densas sombras. Por serem desconhecidas por nós, essas sombras frequentemente dão origem a atitudes, comportamentos, reações, pensamentos e palavras que podem surpreender e perturbar quem as manifesta.
Não são raras as ocasiões em que nos surpreendermos com nossos próprios pensamentos, marcados por rancor, inveja, ciúme, ódio ou desejos de vingança. Quantas vezes nos vemos envergonhados por nossas palavras, ações ou comportamentos? Tais manifestações revelam que o psiquismo humano, frequentemente, está mergulhado em profundas sombras, clamando por iluminação.
Esse conteúdo interno obscuro tende a se conectar à espiritualidade inferior, como destacado em O Livro dos Espíritos. Emmanuel, no livro Pensamento e Vida, psicografado por Francisco Cândido Xavier, também ressalta: "Todos nós somos capazes de captar as emissões mentais daqueles que pensam como nós."
Por isso, o processo do autoconhecimento se faz urgente, sobretudo neste tempo de transição planetária.
A Busca pela Verdade
Na parábola, a candeia depende do óleo como combustível para gerar luz. No campo íntimo, o combustível de que necessitamos para a iluminação das nossas sombras internas,é apontado por Jesus, em João 8:32:,
Conhecereis a verdade e ela vos libertará
João 8:32Mas, afinal, o que é a verdade?
Essa pergunta foi feita a Jesus, há dois mil anos, pelo governador da Judeia, Pôncio Pilatos, conforme registrado no Evangelho de João (18:38). No entanto, o Mestre respondeu com silêncio. Segundo o espírito Humberto de Campos,no livro Lázaro Redivivo, (capítulo 32), psicografado por Chico Xavier, o silêncio de Jesus revela que a verdade não é um bem transmissível. Ela não pode ser adquirida por meio de informações externas, mas deve ser conquistada ao longo da vida. A verdade é uma realização pessoal e eterna, que precisa ser gradativamente assimilada dentro de cada ser, através de experiências, reflexões e da consciência individual.
Se a verdade é o combustível capaz de iluminar e libertar a alma de suas trevas internas, pavimentando o caminho para o autoconhecimento, surge uma pergunta inevitável: como alcançá-la.
"Eu sou o caminho, a verdade e a vida, ninguém vem ao Pai senão por mim" (João 14:6). Com estas palavras, Jesus estabelece sua conexão direta com Deus e nos mostra que é através de seus ensinamentos que nos aproximamos do Pai. O Evangelho, fonte de amor e sabedoria, guia as almas em busca da comunhão divina. Porém, apenas conhecê-lo superficialmente não é suficiente para a verdadeira transformação interior.
Na obra Renúncia, psicografada por Chico Xavier, o espírito Emmanuel, através da personagem Alcione, ensina que o Evangelho é um caminho de ascensão espiritual. Não basta apenas conhecer suas palavras - é preciso meditá-las e, principalmente, vivenciá-las. O primeiro passo dessa jornada é o conhecimento. Como uma candeia que ilumina a escuridão, o estudo do Evangelho acende a luz interior que guiará o espírito em sua evolução.
O Processo de Autoiluminação
A autoiluminação é o convite expresso na Parábola da Candeia, permitindo ao ser evoluir de forma consciente, já que lhe permite ampliar sua visão íntima. Isso o capacita a reconhecer suas falhas morais para transformá-las, alinhando seu psiquismo ao modelo de Jesus.
Assim como não se deve ocultar uma candeia acesa sob o leito, não basta apenas estudar os ensinamentos de Jesus sem aplicá-los na vida. Para manter viva essa luz interior, é fundamental meditar sobre o conhecimento adquirido, permitindo que os ensinamentos ecoem em nosso coração.
A meditação nos leva a questionar como podemos aplicar as lições do Evangelho no dia a dia: como praticar o perdão setenta vezes sete, como amar verdadeiramente ao próximo, como evitar julgamentos e como exercer o autoperdão.
São inúmeros ensinamentos que, quando verdadeiramente compreendidos e praticados, guiam nossa evolução espiritual.Meditar sobre o Evangelho significa refletir e visualizar sua aplicação prática. Sentir e vivenciar seus ensinamentos demanda esforço e persistência, pois envolve a transformação de emoções e sentimentos.
O Caminho da Transformação
O processo de evolução consciente, que leva a conquista da transformação moral, por meio do autoconhecimento, é gradativo, longo e bastante difícil, mas é o único caminho que nos libertará de todo sofrimento e de toda dor.
A Parábola da Candeia convida à autoiluminação, um processo que amplia a visão interior e permite reconhecer falhas morais para transformá-las segundo o modelo de Jesus.
"Brilhe a vossa luz diante dos homens!" - mas para que isso ocorra, é preciso libertar essa luz das sombras que a encobrem.
"Não há coisa oculta que não haja de manifestar-se, nem escondida que não haja de saber-se e vir à luz
Por meio do autoconhecimento e da introspecção, nossas imperfeições morais e sentimentos egoístas tornam-se evidentes. É fundamental aceitar essas descobertas, pois são próprias da condição humana. Como espíritos em evolução, devemos trabalhar pacientemente para superar as falhas identificadas, não as negando ou mascarando, mas reconhecendo-as como parte do processo de construção íntima guiado por Jesus.
"Vede, pois, como ouvis; porque a qualquer que tiver lhe será dado, e a qualquer que não tiver até o que parece ter lhe será tirado
À medida que avançamos no autoconhecimento, trazendo à luz e transformando nossos sentimentos mais grosseiros, recebemos mais força e clareza para prosseguir em nossa jornada de iluminação.Esse processo nos permite identificar falsas virtudes que apenas mascaram nossas imperfeições reais. Como disse Jesus: "aquilo que parece ter lhe será tirado" - referindo-se a essas pseudo-virtudes que adotamos para aparentar o que não somos. A transformação moral conquistada por meio do autoconhecimento é um processo gradual e desafiador, mas é o único caminho para a verdadeira libertação do sofrimento.
Conclusão
Vinde a mim, todos vós que sofreis, e eu vos aliviarei.
O caminho que nos conduz a Jesus começa com o entendimento de seu Evangelho de Amor. Ao refletirmos e aplicarmos seus ensinamentos, somos convidados a vivenciá-los em sua plenitude. Apenas ao incorporarmos verdadeiramente a mensagem de Jesus é que chegaremos até Ele, encontrando alívio e uma felicidade genuína. O percurso é árduo, mas tenhamos coragem. É possível triunfar!
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